Diário Atual
Sebastião Imaginário

Sebastião Imaginário

Zero Rotundo. Em mais um confronto do interior, Desportivo de Chaves e Sporting da Covilhã protagonizaram uma péssima partida de futebol. Um jogo fraco, fraco, fraco ao nível de qualquer jogo dos distritais, sem qualquer sentido pejorativo, tal a pobreza futebolística do mesmo. Aliás, com algum exagero à mistura, há jogos dos ditos campeonatos com mais emotividade e com melhor qualidade.

Se a primeira parte dos transmontanos pode ser considerada a menos má, onde, mesmo assim, apenas podemos anotar dois lances de algum perigo, a segunda roçou a nulidade total. Perigo nas imediações de Taborda nem vê-lo. Em sentido inverso, os serranos fizeram dois golos, beneficiando de mais dois erros inadmissíveis dos flavienses, falharam uma grande penalidade e viram Paulo Ribeiro negar mais um ou outro golo.

Quanto à qualidade exibida, naturalmente que a maior dose de responsabilidade pertenceu aos “Valentes Transmontanos” que desta vez nunca honraram tal designação. Faltaram ideias, intensidade, solidariedade, paixão, dinamismo e compromisso. Em contrapartida, houve muito futebol directo, naquilo que considero ser contra natura face aos executantes que o plantel tem. Também não deixo de constatar que a equipa não me pareceu com os melhores índices físicos. A equipa de Francisco Chaló chegou quase sempre primeiro à bola. À atenção do responsável pela componente física.

Apesar de não comerem “Lagosta todos os Domingos”, os adeptos flavienses são exigentes e apreciadores de bons espectáculos, mas também estão cientes que os jogadores não são máquinas. Assim, pode a equipa estar numa tarde de menor inspiração que eles compreendem. Mas o que não entendem é a falta de atitude, de empenho, de dedicação. Quem defende as cores do Desportivo de Chaves tem que ter garra, determinação, coragem. Dito de outra forma: terá que deixar a pele em campo, dar o máximo de si em prol do bem comum. Foi desta forma que os flavienses realizaram as suas melhores temporadas. Esta tem que ser indubitavelmente uma imagem de marca dos “Valentes Transmontanos”.

Ora, neste jogo foi patente que, exceptuando um ou outro caso raro, não houve garra, determinação, nem coragem. Existiu, isso sim, uma gritante falta de atitude competitiva. Uma estranha apatia

A expectativa para este jogo era elevada. Por um lado, havia a inauguração do novo relvado (o Municipal volta a ter uma excelente “sala de visitas”, das melhores do país) e por outro, uma grande possibilidade da equipa assumir a liderança. Daí que a desilusão entre os sócios e adeptos fosse bem visível.

Perder desta forma custa muito mais, porque a derrota é…justa. A equipa nada fez/produziu para merecer a felicidade! Podíamos perder, mas jogando futebol, criando oportunidades de golo, obrigando o adversário a estar encostado às cordas, mas nada disso aconteceu. Já todos vivemos algumas tardes de dissabor no Municipal mas a equipa saiu debaixo de palmas como reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.

O resultado foi mau em todos os aspectos. Uma vitória permitiria criar uma onde de entusiasmo entre a massa associativa, faria crescer os índices de confiança não só dos jogadores mas também dos adeptos e a equipa teria assumido a liderança!

Todos esperamos que este tenha sido um dia mau, como de resto, penso ter sido o caso. Uma tarde de total desinspiração individual e colectiva, onde tudo correu mal, incluindo as substituições (retirar Bamba da zona central não foi a melhor solução). Mas atenção: não se podem repetir jogos como o de Moreira de Cónegos, Marítimo, Braga e Covilhã!

Esta equipa já deu provas de que pode e deve fazer muito melhor, mas para tal também os jogadores e treinadores devem ser mais exigentes consigo próprios. Quem joga da forma que jogou contra o Leixões tem forçosamente que possuir qualidade. Mas não basta ter qualidade. Há que correr tanto ou mais que os nossos adversários.

Entendo que os transmontanos precisam de melhorar claramente o seu jogo exterior, aproveitar melhor os corredores. Ter laterais mais acutilantes em termos atacantes, uma linha média mais agressiva e um ataque onde os alas sirvam melhor o seu ponta de lança e não interiorizem tanto o seu futebol. Uma equipa mais compacta e solidária.

A equipa ainda está num processo de crescimento do qual fazem partes as vitórias e as derrotas. Sendo certo que este é tanto maior quanto mais vitórias existirem.

Keep calm! O Campeonato ainda agora está a dar os primeiros passos e os objectivos mantem-se intactos. Neste período de alguma frustração e turbulência há que haver tranquilidade. Temos que ser frios, racionais e não pensar com o coração.

Quando faltam 35 jogos, todos os cenários estão em aberto. Devemos apenas pensar jogo a jogo e procurar garantir o quanto antes a manutenção. Depois, sim atacar o objectivo imediato.

Não tenho qualquer dúvida que o potencial da equipa pode permitir algo mais. Há matéria para isso, mas a equipa terá que ser forçosamente muito diferente. Terá que ter uma maior regularidade. Todos terão que melhorar e nunca esquecer três/quatro palavras determinantes: Garra, Determinação, Coragem/Confiança (GDC).

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