Diário Atual

Manuel Araújo deu a conhecer a sua mais recente obra literária na Biblioteca de Chaves. “O homem do boné xadrez” retrata as assimetrias entre uma aldeia e uma cidade, onde as palavras liberdade e escravatura são colocadas lado a lado ao longo da história.

Na apresentação do seu novo livro, Manuel Araújo contou, aos vários amigos e convidados presentes na sala, que a sua obra nasceu na sequência de um “choque emocional brutal” que tivera “há uns tempos” e que se relacionava com uma pessoa muito querida para ele.

“A personagem d’ ‘O homem do boné xadrez’ não é ele, eu inspirei-me no aspeto físico dele e no seu aspeto social, mas não é ele no aspeto ético e moral”, explicou Manuel Araújo na quarta-feira passada, dia 30.
Segundo o flaviense, houve um dia em que o seu amigo, com quem tinha convivido durante anos a fio, o deixou de reconhecer e foi nesse momento que decidiu escrever este livro, que embora se baseie nesse amigo é uma história ficcionada.

Ao longo das 220 páginas, o autor vai traduzindo por palavras a história que imaginou e pelo meio vão surgindo outras histórias. Manuel Araújo fala sobre a demência de Alzheimer, sobre os lares do século XXI, sobre a política, a liberdade, a escravatura, as ideologias e a educação. Durante o lançamento do seu novo romance, o escritor flaviense falou sobre o processo construtivo da obra e lembrou alguns aspetos que considera importantes na produção de um livro.

Manuel Araújo disse ainda que achava que os escritores se assemelhavam muito aos albatrozes: a voar são belíssimos mas em terra são muito desajeitados.
“O escritor enquanto escreve está no seu meio, é ali que gosta de estar, e quando se relaciona com as outras pessoas tem dificuldade em falar. O escritor não se compagina muito com as ortodoxias e é por isso que escreve. Este é o meu caso”.

A apresentação de “O homem do boné xadrez”, da editora Lugar da Palavra, esteve a cargo do professor universitário jubilado Américo Peres e contou também com a presença do vice-presidente da autarquia, Francisco Melo, que enalteceu o trabalho desenvolvido pelo escritor, e do responsável pela editora, João Carlos Brito. Entre o público, destaque para o vencedor do Livro LeYa, João Pinto Coelho.

Para Américo Peres, o escritor flaviense é já “uma referência na literatura” atual, um ótimo cartão de visita à região e um excelente contador de histórias, que merece o carinho de todos e em particular dos flavienses.

O escritor obteve o Prémio Nacional do conto de Eça de Queirós pela Câmara de Lisboa, em 1999, com o conto “As contrabandistas”, o Prémio Revelação na modalidade de ensaio pela Associação Portuguesa de Escritores, em 2001, com a obra “A emancipação da literatura infantil”, e o 2º Prémio Nacional de Poesia Agostinho Gomes, em 2004. É autor das obras “A escuridão de Maria Luísa”, “O rapaz que lia Rimbaud”, “A aldeia das mulheres”, “A cidade do patriarca” e “É tão cruel ter memória!”.

Cátia Portela

 

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