Diário Atual

OpiniaoA solidão é um lugar estranho. Começa com o estarmos sós – afectiva e relacionalmente.

Isolar não é solidão, pois há, por vezes, uma existência singular, muito nossa.

Podemos estar sozinhos e sós, mas não sozinhos.

São várias as causas da solidão. Enumero algumas delas:

1- Isolamento geográfico: viver em terras distantes dos grandes centros, onde não há um único café para passar um bocado, para conversar com um amigo; onde não existe um centro de saúde, um hospital; onde não há meios de comunicação e transportes… Tudo isto faz com que os habitantes destas terras, vivam ansiosos e tristes, pois sabem que, em caso de doença, lá longe, existe um hospital, onde por vezes, não têm tempo de chegar com vida;

2- Distância de familiares: quando os filhos estão longe e só, de tempos em tempos, vêm visitar os seus Pais e demais familiares, quando os Avós nem sequer podem usufruir do crescimento dos seus netos, que vivendo perto deles, lhes dariam grande alegria e mais vontade de viver. A saudade mata e se não mata, dói muito;

3- Ruptura de laços familiares: uma perda é sempre traumatizante para os membros dessa família, que se desmembra e, faz com que alguém mais frágil se isole e por vezes, entre numa depressão profunda;

4- Falta de tempo para os outros. Vive-se uma época de grande egoísmo, há pouca disponibilidade para ajudar, o nosso vizinho, porque os valores nobres, que possuíamos desapareceram. Pensamos em nós, e, nem um gesto, uma palavra amiga, para com alguém que sofre, que vive entre ou perto de nós, e só, com a sua dor. É triste, mas é verdade. Parece que há um muro, que nos separa, apesar de sermos todos seres humanos, sujeitos, pelo menos à morte, que é comum. Mas a pressa com que andamos e o egocentrismo que nos caracteriza, não nos permite olhar para o lado… Que pena! Há tantos com problemas tão maiores…

5- Baixos rendimentos e reformas baixas. Dependência física e farmacológica. Quantas vezes já ouvimos dizer a um aposentado e não só, que, o que recebe não lhe chega para comprar os comprimidos, que o médico lhe receitou e o faz viver melhor?

Estes homens e mulheres vêem-se a braços com enormes dificuldades. Acabam por sucumbir.

A solidão toma conta deles, só quando a vida acaba é que a dor desaparece…

Há quem diga que a nossa solidão não tem tempo. É constante, e nem teve lugar, está em todos os lugares. É um estado permanente.

Não devemos julgar nem recriminar estas pessoas. Devemos, antes, esforçar-nos por compreender as suas reacções, distraí-las, dar-lhes algum do nosso e motivá-los a fazer algo.

A solidão está atrás de tudo: do êxito, da fama, da riqueza e até do AMOR.

Por isso, seja, este o nosso lema:

“Nunca abdiquemos de ALGUÉM!”

Isabel Costa

 

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