Diário Atual
João Madureira

João Madureira

A Câmara de Chaves vai fazer aquilo que sempre negou vir a fazer, porque está à beira da falência. A autarquia liderada por António Cabeleira vai pedir um saneamento financeiro.
A má gestão do executivo PSD tornou a dívida insustentável.
Segundo a lei, o plano exige a tomada de medidas específicas de redução de despesa.
Essas medidas têm sempre a ver com a redução da despesa com o pessoal e com o investimento. E também, conforme é do costume, com o aumento de impostos, tais como o IMI e as restantes taxas municipais.
Os erros de gestão, aliados à incompetência e à demagogia saloia dos responsáveis autárquicos, vão custar ao erário público, ou seja a todos nós, a módica quantia de 30 mil euros, que é quanto a CMC vai pagar à empresa contratada para o efeito.
Coisa que parece não afetar sobremaneira os responsáveis pela calamidade. Outro galo cantaria se esse dinheiro saísse diretamente dos bolsos de quem nos meteu neste buraco sem fundo da dívida.
Nos últimos doze anos, a gestão camarária protagonizada pelo PSD de João Batista (agora Secretário da CIM, um tacho dourado feito à medida do ex-autarca) e António Cabeleira, fez aumentar a dívida, isto num cálculo conservador, em cerca de 40 milhões de euros.
Ou seja, em três mandatos a dívida camarária, com a gestão de JB e AC, quadruplicou. E as obras, caros flavienses, só as conseguimos ver por um canudo.
Por exemplo, a má gestão respeitante ao Mercado Abastecedor, custa 3,5 milhões de euros. E nunca é de mais lembrar a dívida às Águas de Portugal, de cerca de 20 milhões de euros, motivada pelo não pagamento repetido, durante quatro anos consecutivos. Isto depois dos serviços camarários terem cobrado esses serviços aos flavienses.
Ripostavam, os prestidigitadores, quando acusados pela oposição de que a dívida era insustentável, que a situação financeira da autarquia era saudável.
Quando a oposição propôs uma auditoria às contas, António Cabeleira disse que não, argumentando que as contas estavam bem, porque ele era honesto, porque a gestão do PSD era honesta, verdadeira e transparente.
Afinal o que o presidente da Câmara tentava, e tenta, evitar, é que os flavienses se venham a inteirar do enorme embuste que rodeia todo este imbróglio.
Daí o “acordo” feito com João Neves. Essa manobra desesperada – pois nem AC se entende com JN nem JN emparelha com AC –, apenas serviu para, no limite, inviabilizar uma auditoria séria e isenta às contas da autarquia.
Para nos apercebermos da força política do atual presidente da Câmara de Chaves, basta lembrar a resposta que deu aos jornais quando lhe perguntaram qual a sua posição sobre o encerramento da UTAD de Chaves e sobre a incapacidade da autarquia em conseguir segurar no concelho mais este importante serviço público.
O senhor presidente demonstrou o seu descontentamento e “lamentou” o sucedido.
Quando nos levaram o Hospital AC lamentou, quando nos confiscaram o Tribunal AC lamentou.
Aqui ninguém investe, AC lamenta. As obras do Arrabalde transformaram-se em perpétuas, AC lamenta. As estradas do concelho estão num estado lastimável, AC lamenta. Os esgotos correm a céu aberto ali para os lados do Parque Empresarial, em Outeiro Seco, AC lamenta. As pessoas vão-se embora, AC lamenta. As escolas fecham, AC lamenta. As Caldas não conseguem abrir para a época termal, AC lamenta. As casas do Centro Histórico desmoronam-se, AC lamenta. O Comércio Local definha, AC lamenta.
Afinal, os flavienses elegeram para estar à frente da autarquia não um líder mas um homem piedoso que apenas reza frente ao muro das lamentações.
Já Salazar dizia que cada povo tem o governo que merece.

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