Diário Atual

Logo Núcleo Chaves AIDando continuidade ao ciclo de tertúlias que iniciou este ano, o Núcleo de Chaves da Amnistia Internacional levou a cabo no passado dia 16 de Maio mais uma ação de debate e esclarecimento, especialmente dirigida à juventude flaviense, para assinalar o Dia Internacional contra a Homofobia.
Foi uma tertúlia a que os flavienses aderiram e que decorreu no ¼ Escuro Bar na noite da passada sexta-feira. O evento serviu para assinalar o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia e Transfobia (17 de Maio) que pretende evidenciar o preconceito ainda existente contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT’s), que continua muito enraizado nas mentalidades e nas relações sociais.
A noite de conversa, muito participada, foi moderada por representantes de duas organizações: a flaviense Brigite Bazenga Gonçalves, membro da Amnistia Internacional e o convidado Bruno Pereira, representando a Rede Ex Aequo, uma associação portuguesa de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes, com idades compreendidas entre os 16 e os 30 anos. Esta associação tem como objetivo trabalhar no apoio à juventude LGBT e na informação social relativamente às questões da orientação sexual e identidade de género.
Ao longo de cerca de hora e meia, e com diversas intervenções também do público presente, os moderadores discorreram acerca dos temas da liberdade de orientação sexual e de identidade de género, enquanto direitos humanos, explicitando conceitos, desconstruindo estereótipos e debatendo. Sublinharam que as palavras homofobia e a transfobia são palavras que resumem um conjunto de sentimentos de antipatia, desprezo, preconceito e medo irracional a pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros. São sentimentos que podem culminar em insultos e violência extrema e que contribuem para negar a milhões de pessoas em todo o mundo a sua dignidade humana.
Ao longo da noite relembrou-se que foi já em 1990 que a Organização Mundial de Saúde declarou que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”, ficando assim claro que, referindo-se à sua orientação sexual, as pessoas podem ser homossexuais, heterossexuais ou bissexuais tendo qualquer uma destas orientações o mesmo valor clínico e, por isso, desde 1991 que a Amnistia Internacional considera que a discriminação baseada na orientação sexual e identidade de género é uma violação dos direitos humanos. Não obstante, a tolerância não é ainda a realidade global: no mundo existem 78 países onde a homossexualidade é crime e em 8 deles é punida com pena de morte; por sua vez, em África, dos seus 54 países, a homossexualidade é ilegal em 36, e punida com pena de morte em 4 deles.
Quanto a estes números as intervenções dos presentes na tertúlia foi unânime: na nossa vida quotidiana podemos e devemos adotar comportamentos de respeito e tolerância, promovendo a igualdade entre os seres humanos e para generalizar estes comportamentos a sensibilização e a formação nas escolas são fundamentais para prevenirem e evitarem a reprodução dos estereótipos e a escalada da violência.
As conclusões desta noite de conversa foram de muita preocupação e consternação pela realidade constatada, mas também de vontade de ação para a mudança. Para a maioria dos presentes, é necessário agir mais e melhor para alterar comportamentos e mentalidades: muitos são aqueles que são obrigados a esconder a sua orientação sexual dos seus familiares, colegas ou amigos por vergonha ou medo. Não os vemos. Mas existem. Demasiados são os que são vítimas de bullying homofóbico ou transfóbico em espaço escolar. O seu risco de depressão e suicídio é superior ao dos seus pares heterossexuais. Isto é a homofobia e a transfobia que não se vêem. Mas que existem. Muitos são também os que enfrentam uma panóplia de entraves devido à sua identidade ou expressão de género. Os obstáculos sucedem-se em múltiplas vertentes da sua vida, correndo o risco de despedimento, humilhação ou mesmo de perder a vida. Esta realidade existe. Tal como existem soluções para estas problemáticas. Há espaços seguros onde lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros podem falar e conhecer outros com a mesma orientação sexual ou identidade de género que a sua. Há informação e educação que podem e devem chegar aos mais jovens, nas escolas, prevenindo e evitando o bullying. Há leis que podem ser discutidas e aprovadas para proteger os jovens LGBT. E há todo o comportamento de respeito e tolerância que todos podemos adotar na nossa vida quotidiana e coletiva.
A tertúlia do “Dia Internacional contra a Homofobia” foi a segunda de um conjunto de tertúlias que o Núcleo de Chaves da Amnistia Internacional vai realizar este ano. Com este conjunto de tertúlias os organizadores pretendem que os flavienses se mobilizem para falar de direitos humanos e, mais importante, que conjuntamente se disponham a partilhar as suas ideias e experiências.
No final da noite ficou ainda lançado o convite a todos os presentes para a próxima tertúlia que o núcleo vai organizar, no próximo dia 5 Junho, assinalando o Dia Mundial do Ambiente.

Núcleo de Chaves da Amnistia Internacional

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