Diário Atual

Decorreu no passado dia 28 de abril no Estabelecimento Prisional de Chaves uma iniciativa conjunta, organizada por esta instituição e pelo Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins (escola associada em matéria de ensino), que visou a comemoração dos 40 anos do 25 de Abril junto da população reclusa.

FotoCadeiaDe entre as atividades constantes do programa fizeram parte a leitura de poemas alusivos ao tema, alguns deles de autoria dos próprios reclusos, bem como uma palestra, intitulada “25 de Abril, 40 anos – e a Democracia?”, a cargo do Prof. Luís Carvalho (docente de História do AE Dr. Júlio Martins), convidado para o efeito pelos professores que lecionam os cursos de Educação e Formação de Adultos nesta instituição prisional e pela Equipa Coordenadora das Bibliotecas Escolares do AE Dr. Júlio Martins, dinamizadores do evento.
Na sua alocução inicial, a diretora do Estabelecimento Prisional de Chaves, Manuela Azevedo, aproveitou para agradecer o empenho dos dinamizadores e participantes nesta ação, nomeadamente pela realização de mais uma iniciativa de inegável interesse cultural, histórico e mesmo político, considerando esta mais uma atividade em prol da formação da população recluída, favorecendo o seu desenvolvimento pessoal por via de um exercício pleno de cidadania. Com efeito, estabeleceu um paralelo com os acontecimentos registados em Abril de 74, que devolveram o país à liberdade, e esta iniciativa que, referiu, caminhar no mesmo sentido, designadamente no sentido de preparar o caminho para a restituição do recluso à liberdade, também. Seguidamente, procedeu à entrega de certificados a alguns reclusos, felicitando-os pela sua participação no concurso “Escrita Criativa Interprisões 2013”, promovido pelas Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Por fim, ofereceu, ainda, prémios aos formandos dos cursos EFA, como forma de recompensar todo o esforço e dedicação que têm vindo a demonstrar ao longo das atividades escolares.
Por sua vez, o diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, Joaquim Tomaz, evocando esta efeméride e a sua relevância para o progresso do nosso país, destacou o papel da Educação no desenvolvimento da capacidade intelectual do Ser Humano, independentemente do local ou condição em que este se encontre, como ferramenta indispensável ao seu sucesso numa sociedade cada vez mais pautada pelo domínio do conhecimento. Com base nesta matriz, realçou a importância do papel que a Escola desempenha na construção do saber dos seus alunos, sendo que, no caso do meio prisional, esta adquire particular enfoque no processo de (re)construção de uma identidade pessoal e social do indivíduo momentaneamente privado do direito à liberdade.
No final da atividade, os reclusos, após cantarem os parabéns a um colega aniversariante do 25 de Abril, ofereceram ao Prof. Luís Carvalho uma peça de Artesanato (área de formação também a cargo da escola associada), em sinal de agradecimento pela sua vinda ao Estabelecimento Prisional, nomeadamente pelo conhecimento que partilhou e pelo estimulante debate de ideias que, com estes, promoveu. Neste particular, sobressaíram questões como liberdade e soberania; a problemática da justiça e das políticas públicas perante as desigualdades sociais; a conturbada conjuntura económico-financeira, que enfrentam atualmente as democracias liberais e representativas, um pouco por toda a Europa, e Portugal em particular; mas, sobretudo, a temática da ‘Liberdade’ – sempre presente ao longo de todo o seu discurso e, obviamente, tão do agrado da população reclusa.

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