Diário Atual

OpiniaoDra. Cátia Borges (Nutricionista)  – Atualmente a obesidade é um dos grandes problemas de saúde pública, tendo a sua prevalência aumentado de uma forma alarmante nas últimas duas décadas. Em Portugal, a prevalência de obesidade e excesso de peso na infância e adolescência é de cerca de 30%.

Um dos principais fatores que influenciam os hábitos alimentares das crianças é a família. Na sociedade atual as famílias têm vidas atarefadas, tendo o tempo dedicado à preparação e consumo das refeições diminuído. Este espaço de tempo, tão importante em décadas anteriores em que se promovia o convívio e comunicação, tem sido relegado para segundo plano e tem-se tornado cada vez menos importante, tendo isto impacto na saúde de todos.

A refeição em família pode ser uma maneira de transmitir afetos, assim como informação e uma oportunidade para os pais darem atenção aos filhos, para conversar, para os ouvir, para ensinar hábitos e regras de saber estar. Este tempo em conjunto permite, também, transmitir uma herança cultural que serve de base para aquisição de hábitos alimentares mais ou menos saudáveis desde tenra idade e que se vão perpetuar na vida adulta.

A refeição também pode ser vista no contexto de um ritual familiar de celebração, transmissão de tradições, valores, atitudes, cultura e objetivos. Os rituais também fornecem um sentido de estrutura familiar. Isto pode ser especialmente importante para crianças pequenas uma vez que a união familiar lhes dá uma sensação de segurança.

As crianças que fazem refeições regulares em família não só têm um melhor estado nutricional como um melhor desempenho social, emocional, académico, menor taxa de obesidade e excesso de peso, menor taxa de abuso de álcool e início precoce da atividade sexual. O período das refeições é o fator com maior impacto no bom desenvolvimento dos adolescentes independentemente do tempo que passam na escola, a estudar em casa, na igreja, no desporto e atividades artísticas assim como da etnia, raça, edução, idade, rendimento dos pais e tamanho da família.

A falta de refeições estruturadas em família é um dos principais fatores que aumenta o risco de obesidade. As más práticas alimentares alteram a capacidade da criança se alimentar, incluindo a capacidade da criança regular a ingestão alimentar e crescer adequadamente. As crianças reagem a más práticas alimentares tornando-se ansiosas, zangadas e rebeldes. Estas alterações emocionais precipitam erros na regulação da ingestão alimentar. Quando estes erros não são corrigidos persistem na adolescência e vida adulta.

A otimização do estado nutricional da criança depende de uma relação positiva com os pais. As refeições devem ser um evento em família, servidas na mesa e acompanhadas de um diálogo agradável de maneira a promover a importância e o significado social do ato alimentar. As refeições familiares são um dos principais fatores que promovem a literacia e a fluência verbal nas crianças.

Recomendações para promover as refeições em família:

·Faça das refeições familiares uma prioridade;

·Reúna a família à mesa pelo menos 3 a 4 vezes por semana

·Faça que o tempo das refeições seja agradável, neste tempo não devem ser discutidos os conflitos familiares;

·Partilhe o tempo de preparação e confeção dos alimentos com os outros membros familiares

·Prepare refeições simples, fáceis e nutritivas;

·Seja flexível com o tempo ou local das refeições (por exemplo fazer um picnic)

·Envolva as crianças na preparação dos alimentos;

·Crie um ambiente relaxado para as refeições (tire os brinquedos da mesa, desligue a televisão, coloque o telefone em silêncio).

Lembre-se que os alimentos são um meio poderoso de transmitir carinho, a partilha das refeições permite aumentar os laços de união da família. As refeições familiares regulares são um fator chave que faz a diferença na vida dos filhos e pais.

 

UCC Chaves 1

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