Diário Atual
Eng. Miguel Caetano

Eng. Miguel Caetano

“Os engenheiros adoram a certeza – que advém da sua formação em Física Clássica – aceitam bem o risco – que tratam com cálculo de probabilidades por força da sua formação matemática – mas convivem mal com a incerteza – porque todos os seus paradigmas vão contra esse modelo de comportamento.”

Luís Todo Bom – Engenheiro/ Gestor

Quando no passado mês de Setembro tive que me deslocar a uma Unidade de Saúde Particular – para me sujeitar a uma Ressonância Magnética – O Hospital Distrital de Chaves não disponibiliza este tipo de equipamento, veio de novo à minha memória o quanto custa a aceitar, ou melhor não aceito, o atraso na implantação da Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega e Barroso.

Entrei então para a sala de obtenção de imagens e aguardei, pacientemente, a reação da máquina ao primeiro arranque da ampola (meio produtor de raios eletromagnéticos) tentando compreender o que vai no espirito daquela presença soberana que, um a um examina do alto a baixo, primeiro a olho nu e depois a olho eletromagnético, os candidatos (doentes) que se lhe apresentam..

A máquina aparece aos olhos do potencial doente como uma identidade estranha e inquisidora, que aguarda altiva, no meio da sala, o início do procedimento imagiológico programado pelo médico/médica que a conduz pela trela informática.

À beira do túnel o nosso corpo encaixa-se no tabuleiro e inicia lentamente o movimento telecomandado de trás para a frente à medida das conveniências.

O corpo inteiro, deslizando suavemente, vai sair na sala do lado, cortado às fatias no ecrã do computador.

A Medicina, recorrendo à utilização e ao rigor dos objetivos que norteiam a rota, ganha aqui alguma similitude com a exploração espacial: o homem e a máquina captando as paisagens desconhecidas para obter mais informações sobre o mundo e sobre nós próprios.

O novo saber científico, embora que ainda nos pareça estranho e bizarro, ainda que nos pareça ficção ou sonho, molda já hoje a realidade dos nossos dias e tem expressão prática corrente no universo hospitalar.

A revolução introduzida pela Mecânica Quântica serviu de base a inúmeras aplicações práticas, desde a televisão à genética. Está ainda na base dos progressos recentes em eletrónica (microscópios eletrónicos, supercondutores) informática, óptica, laser, medicina nuclear e biologia molecular.

Foi a Física Quântica que primeiro despoletou a descoberta do ADN nos anos cinquenta do século passado.

Presidindo à conceção dos aparelhos de Tomografia Axial Computorizada (TAC) Ressonância Magnética e, mais recentemente, de Tomografia por Emissão de Positrões (PET) ajudou a mudar nos nossos hospitais a maneira como o diagnóstico médico era conduzido nos anos oitenta.

Depois deste passeio pelas novas tecnologias da imagem ao serviço do diagnóstico médico, lembro-me dos tempos passados no Hospital Distrital de Chaves, quanto às ampolas ou à ampola que inicialmente arrancou para o trabalho de diagnóstico ao meu joelho direito. Ela portou-se muito bem e fez todo o seu trabalho para tranquilidade do engenheiro da manutenção.

Notas:

1. A tecnologia PET (“Positron Emissions Tomography) existe há vários anos no campo da imagiologia médica. Consiste na injeção de uma substância à base de glicose e positrões que se fixam nos tecidos cancerígenos.

2. PET oncológico: É injetado FDG com Flúor-18 no sangue do paciente. O F18-FDG, um análogo da glicose, é transportado para dentro das células pelo mesmo transportador na membrana celular do açúcar, contudo dentro da célula ele não é completamente metabolizado mas é transformado em uma forma que é conservada (fixada) no interior da célula. Assim ele pode ser utilizado para detectar células com alto consumo de glicose e que portanto contenham muitos transportadores membranares como acontece nas células dos tumores de crescimento rápido, os quais são frequentemente malignos (cancro). É usado para distinguir massas benignas de malignas no pulmão, cólon, mama, linfomas e outras neoplasias, e na deteção de metástases. Esta técnica constitui 90% dos PET feitos atualmente.

 

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