Diário Atual

No passado fim de semana, Chaves recebeu mais uma edição da Feira dos Santos. Mais uma vez, a cidade flaviense viu as suas ruas cheias de gente, que vieram de vários pontos do país e da vizinha Espanha.

A Feira dos Santos teve início no dia 9 de outubro, com a chegada dos divertimentos e das barracas das farturas, mas as tendas de roupa, artesanato, olaria, gastronomia, entre outros, só abriram durante os dias 30 e 31 de outubro, e 1 de novembro, os três principais dias da feira.

O primeiro dia, sexta-feira, ficou marcado pela abertura da feira “Sabores de Chaves”, com a grande novidade do Pavilhão do Vinho. Durante os três dias da feira, no pavilhão Expoflávia, os visitantes puderam apreciar os bons vinhos que se fazem na região de Chaves, Valdeorras e Monterrey. Estes dois últimos são comarcas espanholas, demonstrando, assim, a boa relação que existe entre Portugal e o seu país vizinho, e estreitando os laços já existentes na Eurocidade Chaves-Verín. Também Valpaços, que viu dois dos seus vinhos serem agraciados em Bruxelas com a medalha de prata no binómio preço-qualidade, marcou presença nesta feira.

No sábado, dia 31, o dia começou bem cedo, às 8h30, com a Feira do Gado no Mercado Municipal, onde se encontravam animais das mais variadas espécies, desde as ovelhas, passando pelo gado bovino, até aos cavalos, entre outros. À medida que as horas iam passando, o pavilhão do Mercado Municipal ia recebendo cada vez mais pessoas e a fila de carros e autocarros aumentava. Alguns visitavam o local pela primeira vez, e outros já fizeram desta visita uma tradição, chegando a vir de propósito de Felgueiras, Guimarães e Mondim de Bastos para apreciar e comprar alguns dos animais que lá se encontravam. António é produtor e criador de gado há quase 40 anos, e participa nesta feira desde que esta teve início: “Venho cá todos os anos. Não falho um. Gosto mesmo muito disto”, mas afirma que “este ano há mais gente aqui a ver, mas pouca gente vem para comprar. Eu ainda não vendi nada. Os mais velhotes já não têm dinheiro nem vagar, e os mais jovens não querem saber disto. No meu tempo ainda consegui governar-me muito bem com este negócio, mas agora é muito mais complicado. Gostava muito que o meu filho continuasse com isto, mas bem vejo as dificuldades que existem, e sei que este negócio já não dá para o governo de um lar”.

Para além dos animais e de algumas barracas de venda de roupa, havia uma banquinha com o tradicional polvo e o vinho tinto para que as pessoas pudessem ir petiscando e se preparando para o que ainda viria.
A chuva que se ia sentindo deu tréguas, e, por volta das 10h30, teve início o 13.º Concurso Nacional Pecuário, junto ao forte de São Neutel, no qual estiveram em prova vários exemplares bovinos de raça barrosã, mirandesa e maronesa, e o II Concurso Local de Suínos de Raça Bísara. “São 120 os prémios a atribuir. Existe uma grande especificidade e muitas questões técnicas, e é um jurado qualificado e com muita experiência que atribui os prémios, como é costume. Existe todo um trabalho de rigor veterinário e técnico de excelência, e os produtores que trazem o seu gado a concurso têm conhecimento de todas essas regras e são também muito exigentes com a avaliação”, explica Jorge Paulo Santos, presidente da ACISAT – Associação Empresarial do Alto Tâmega. Esta é a primeira edição da Feira dos Santos sob a responsabilidade da nova direção da ACISAT. “Sinto-me muito feliz por ter visto tanta gente lá em cima na Feira do Gado, no Mercado Municipal. Agora às 10h15 havia ainda uma enorme fila de carros e de autocarros a tentar chegar ao local, e isso surpreendeu-me muito pela positiva. Temos a intenção de consolidar a Feira dos Santos, e, por aquilo que tenho visto, é um objetivo que está a ser conquistado”, realçou o presidente da ACISAT.

Centenas de pessoas concentraram-se nas imediações do Forte para poderem apreciar os mais belos exemplares das raças que estavam a concurso. Um dos animais que mais chamava a atenção era um touro de raça mirandesa que pesava cerca de 1800 kg. “Este touro já ganhou o primeiro prémio da sua categoria nas duas últimas vezes que estivemos cá, e espero que este ano se repita”, explica o seu dono. E, como costuma dizer-se que “não há duas sem três”, este touro arrecadou pela terceira vez consecutiva o primeiro prémio.
Ainda no Forte de São Neutel houve durante a tarde a Chega de Bois Campeões, e, de seguida, a Corrida de Cavalos.

Outra das tradições da Feira dos Santos é o Festival Gastronómico do Polvo, que se realiza junto ao Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, e que junta centenas de pessoas numa espécie de almoço convívio onde o polvo e o vinho tinto são os protagonistas.

Durante a tarde, as pessoas concentraram-se mais no centro da cidade, percorrendo as barracas, onde puderam apreciar uma Arrudada dos Pauliteiros de Miranda, e ainda assistir à atuação do Rancho Folclórico de Selhariz e do Grupo de Danças e Cantares Reg. de Santo Estêvão, no Largo General Silveira, que, mais tarde, foi palco da atuação do Grupo Arkádia. Em pleno Jardim do Bacalhau, havia um Urso a oferecer abraços, para delícia dos mais pequenos. O Pavilhão Expoflávia não recebeu apenas os vários stands de vinhos e de licores. Ainda neste dia, as pessoas que se deslocaram até ao local puderam assistir à atuação do Grupo Tradicional de Ventuzelos, de um concerto “Fado Violado”, e, para encerrar a noite no pavilhão, houve um concerto da FANFAAC – Fanfarra da Academia de Artes de Chaves.

Para os mais resistentes, houve ainda “Santos na Noite 2015” que consistia numa pulseira que dava acesso sem consumo obrigatório aos quatro bares e discotecas aderentes.

O dia 1 de novembro, Dia de Todos os Santos, teve mais animação de rua, mais uma Chega de Bois no Forte São Neutel, e atuações musicais, como a do Rancho Folclórico GDRC Ases da Madalena e a do Rancho Folclórico do Grupo Cultural da Serra do Brunheiro.
Para além do Largo da Lapa, que tem vindo a acolher há já alguns anos automóveis novos e máquinas agrícolas, também o Largo do Pelourinho, junto à Igreja Matriz, foi um ponto de visita para os amantes do motor, com a exposição de automóveis usados.

A Feira dos Santos é também uma das épocas escolhidas por muitos emigrantes para revisitarem a sua terra natal, que aproveitam para desfrutar do que de melhor a feira tem e para prestar uma homenagem aos seus entes mais queridos que já não estão entre nós.

A chuva que de vez em quando teimava em aparecer ainda ameaçou estragar a festa, mas nem os feirantes nem os visitantes arredaram pé, e a Feira dos Santos foi um sucesso, como tem vindo a suceder ano após ano.

Maura Teixeira

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