Diário Atual

Aberto ao público desde finais de Julho deste ano, o Centro de Artes Nadir Afonso recebeu, pela primeira vez, aquela que será a primeira de muitas outras exposições temporárias que este espaço pretende acolher futuramente. A inauguração, que decorreu na passada quarta-feira, 18 de dezembro, contou com a presença do Presidente da Câmara, Fernando Queiroga, do Presidente da Assembleia Municipal, Fernando Campos, e, como não podia deixar de ser, com a presença do próprio artista, Gonçalo Mabunda.

img_0568Entre os presentes estiveram também o filho e a esposa do falecido mestre Nadir Afonso, Artur e Laura Afonso, que fizeram questão de estar presentes na exposição de algumas peças de um dos mais conceituados escultores moçambicanos, uma excelente maneira de homenagear a memória e o trabalho do grande Mestre.

Durante o discurso de abertura da sua exposição, Gonçalo Mabunda salientou a proximidade que une o povo moçambicano e o povo português, e o quão especial era para ele partilhar a sua arte com o nosso país, agradecendo também o convite feito pelo Município de Boticas, ao ter-lhe proporcionado a oportunidade de dar a conhecer a sua obra numa zona que, à partida, nunca teria conhecimento do seu trabalho.

Gonçalo Mabunda, nascido em Maputo há 38 anos, descobriu a sua paixão pelas artes plásticas logo no início dos anos 1990, enquanto trabalhava como estafeta na Associação Núcleo de Artes, associação da qual é hoje responsável. O facto de ter crescido num ambiente de tensão política e militar levou o escultor a procurar no material bélico da guerra civil moçambicana uma forma de fazer arte e uma forma de reflexão, com uma forte conotação política. Mabunda, que a partir das suas esculturas dá formas antropomórficas a metralhadoras, lançadores de mísseis, armas de fogo e outras armas desativadas, é já comparado a grandes artistas da vanguarda modernista, tendo já tido a oportunidade de ver as suas obras expostas nas mais conceituadas galerias de arte a nível mundial, entre as quais a Jack Bell Gallery, em Londres ou o Centro Georges Pompidou, em Paris. Dentro da sua obra, as cadeiras são as esculturas que mais têm chamado a atenção, por constituírem uma forte alusão irónica a alguns governos africanos atuais, cuja única grande preocupação é a constante reivindicação e conservação do poder através da força armada, esquecendo-se das necessidades e do desenvolvimento do seu povo.

Redacção – CM Boticas

 

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