Diário Atual
Cátia Borges

Cátia Borges

A alimentação dos Portugueses nas últimas duas décadas mudou e passou a ser moldada pelos produtos importados, por uma agricultura e pecuária intensivas, que já geraram vários alertas no país e a nível da União Europeia em termos de segurança alimentar e sustentabilidade. Para as grandes superfícies os produtos agro-alimentares são a sua principal fonte de lucro, estando interessadas em adquirir produtos baratos, pouco perecíveis e que seduzam o consumidor. Com esta transformação no padrão de oferta alimentar, a alimentação dos portugueses também mudou, tornando-se deficitária em frutas, hortícolas e leguminosas e recheada de produtos alimentares processados ricos em gordura, açúcar, sal, calorias e aditivos.

Associada a esta deterioração da qualidade alimentar a mortalidade associada a doenças cancerígenas subiu exponencialmente, no nosso país, sendo atualmente a segunda causa de morte. Sem nutrientes essenciais como vitaminas, minerais e fibras, o nosso sistema imunitário fica enfraquecido, os mecanismos naturais de desintoxicação ficam comprometidos e isto é terreno fértil para anomalias celulares. Portugal também é fustigado por um aumento da prevalência de obesidade, tanto em adultos como em crianças, diabetes e doenças cardiovasculares.

Hoje, o mercado português é controlado por meia dúzia de grandes empresas: Jerónimo Martins (Pingo Doce), Sonae (Modelo e Continente), DIA, Lidl & Companhia, Aucham (Jumbo), Mosqueteiros (Intermarché) e ALDI/Discount, que também são os maiores importadores do país. Na presença deste tipo de monopólio e controlo do mercado por um número tão reduzido de empresas é fácil manipular e especular os preços apresentados ao consumidor e pagos ao produtor.

Já pensou que quando se senta à mesa muitos, se não a maioria dos produtos alimentares que serviram para confecionar a sua refeição foram importados e viajaram centenas ou milhares de quilómetros até chegar ao seu prato? A próxima vez que for às compras não se deixe levar pelo carrinho.

Opte pela produção local e nacional, irá contribuir para:

Reduzir o déficit e a dívida externa, dinamizar a economia nacional e criar emprego;

– Ajudar a manter a agricultura familiar e o mundo rural vivo;

– Combater a desertificação do interior, evitar os incêndios, preservar os solos, a biodiversidade e valorizar a paisagem;

– Reduzir os gastos energéticos gerados com o transporte de produtos agrícolas e alimentares e as emissões de gases poluentes associadas, que contribuem para alterações climáticas.

Dê sempre que possível preferência à venda direta, aos mercados locais e ao comércio tradicional e irá contribuir para:

– Combater a concentração do circuito distribuição/comercialização nas grandes superfícies que têm margens de lucro escandalosas, sufocam os produtores pagando preços baixíssimos à produção e são os grandes importadores;

– Ajudar a produção local e regional e a economia famíliar que desempenha um importante papel social, ambiental e cultural.

Recuse os organismos geneticamente modificados (OGM) e irá contribuir para:

– Impedir que as grandes multinacionais do setor agro-alimentar tornem os agricultores, a natureza e a nossa saúde reféns dos seus lucros e da sua falta de escrúpulos

– Impedir a generalização do cultivo de transgénicos que reduzem a biodiversidade, nomeadamente através da contaminação de produções livres de OGM.

Reclame e exija informação sempre que não haja produtos regionais ou nacionais à venda ou que não haja informação sobre a origem dos produtos expostos.Não se esqueça, você é aquilo que sabe sobre o que come!

No caso de dúvidas ou sugestões de temas contacte a equipa através do correio eletrónico: saú[email protected].

Adaptado de: “À mesa com a produção portuguesa”-PEV

 

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