Líderes, decisores políticos e diversos responsáveis de entidades públicas da zona fronteiriça da Galiza e norte de Portugal reuniram-se na quinta-feira passada, dia 21, para discutir medidas de proteção do meio ambiente e aumentar a eficiência dos recursos naturais localizados nas áreas de fronteira.
No encontro, que decorreu nas instalações da Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), em Chaves, foi apresentado o projeto “TROCO2 – Mercado Transfronteiriço de Intercâmbio de Carbono” que pretende, através do cálculo da pegada de carbono, compensar o impacto das emissões dos gases com efeito de estufa na natureza. Todos os dias, o ser humano, no seu dia a dia, liberta dióxido de carbono para a atmosfera. Os gases com efeito de estufa contribuem para o aquecimento global do planeta que por sua vez afeta a vida de todos os seres vivos na Terra. Por isso é essencial reduzir a pegada de carbono, sobretudo numa altura em que foi anunciado que Portugal já esgotou os recursos naturais de.
O projeto visa assim aumentar a eficiência dos espaços florestais, com vista à mitigação das alterações climáticas, e fomentar uma economia de baixo carbono em especial no setor de transportes de mercadorias.
Marco Fachada da ADRAT, responsável pela apresentação do projeto, prevê que o projeto seja implementado através de ações de promoção do ordenamento florestal, com vista à sua capacidade de sequestro de carbono; de iniciativas de fomento de estratégias de responsabilidade social cooperativa no setor dos transportes, calculando o valor efetivo das emissões de dióxido de carbono libertadas para a atmosfera; e da criação de um modelo duradouro para compensar essas emissões.
O projeto é liderado pela Câmara de Comércio de Pontevedra, Vigo y Vilagarcía de Arousa (CCPVV), e conta com a parceria da Consellería do Medio Rural da Xunta de Galiza e da Asociación Provincial de Empresários de Transportes Discrecionales de Pontevedra (ASETRANSPO). Já em Portugal, a iniciativa é desenvolvida pela ADRAT com o apoio da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega (CIMAT).
A sessão de apresentação foi aberta pelo presidente da ADRAT, Alberto Machado, que lembrou a importância em cuidar do meio ambiente para as gerações futuras. Neste sentido, para o dirigente é imprescindível diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, com origem sobretudo no transporte de mercadorias e na produção de energia.
Por sua vez, Fernando Queiroga, presidente da CIMAT, disse que era preciso dar mais atenção a este assunto. Na sua opinião é essencial que os responsáveis políticos estejam sensibilizados para as questões ambientais para que em conjunto consigam criar medidas que preservem a natureza.
“Não conseguimos mudar o mundo mas pelo menos vamos tentar, é essa a nossa função”, afirmou Fernando Queiroga, agradecendo a parceria entre Portugal e os responsáveis da Galiza.
Já o presidente da ASETRANSPO, um dos principais representantes do setor dos transportes na Galiza, disse estar “já há muitos anos” interessado em contaminar o menos possível, e por isso prevê que o gás e, em especial, a eletricidade irão substituir muito rapidamente o petróleo. Para Ramón Alonso Fernandez a utilização do petróleo como combustível continua a ser um negócio bastante rentável para os governos devido aos impostos.
“Eu incentivo o meu setor a contaminar menos mas também espero que os restantes setores se apliquem. Temos de colaborar todos para que este mundo continue habitável no futuro”, sublinhou o responsável.
Na sessão falou igualmente o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, e o diretor da CCPVV, José Manuel García Orois, que salientaram a importância dos recursos naturais para a economia de cada território.
Lúcia Jorge, presidente da Associação de Baldios do Parque Natural da Peneda-Gerês, foi responsável por fazer a radiografia dos baldios na região do Alto Tâmega. Por fim, coube a José Cangueiro, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), esclarecer sobre os fundos comunitários disponíveis para o projeto e a Artur Gonçalves, do Instituto Politécnico de Bragança, explicar sobre as alterações climáticas e as consequências das emissões de dióxido e carbono na atmosfera.
O encontro contou ainda com a presença, entre outros, do vice-presidente da CCDRN, Ricardo Magalhães, do secretário-geral da ADRAT, António Machado, do diretor regional norte da Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias, José António Airosa, de responsáveis da GNR de Chaves e do município de Valpaços.
O projeto “TROCO2 – Mercado Transfronteiriço de Intercâmbio de Carbono” faz parte do Programa de Cooperação INTERREG VA Espanha – Portugal (POCTEP) 2014 – 2020 é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e tem a duração de 24 meses.
O projeto pode ser acompanhado através do site www.troco2.eu.
Cátia Portela