A feira do livro de Montalegre entrou oficialmente na “idade maior”. A abertura do evento, que teve início no dia 1 de junho, e que decorreu até à passada segunda-feira, dia 5, contou com a presença do líder do município, Orlando Alves, que qualificou o evento como uma «referência na região».
Quis o destino que o dia dedicado à criança ficasse marcado como o primeiro dia da idade adulta da feira do livro de Montalegre. 18 anos de um certame que tem primado por um crescimento sustentado, à custa de uma organização cuidada. Este ano, de novo no pavilhão multiusos, pode-se ver uma oferta variada, dirigida aos mais distintos públicos. Nesse sentido, não estranha a procura crescente verificada à medida que a feira evolui.
O dia inaugural foi marcado pela presença de crianças dos diferentes estabelecimentos de ensino. Um desafio aceite pela comunidade escolar que muito agradou à organização. O presidente da autarquia não escondeu o sorriso face a tamanho dinamismo: «Estamos perante um crescimento harmonioso, planeado e que resulta num dos grandes acontecimentos culturais que se fazem em Montalegre». Orlando Alves reforçou o tom elogioso da feira do livro: «Apresenta um formato de fazer inveja às feiras do livro que se fazem no país. É uma beleza assistir à pequenada e ver como se entregam ao manuseamento dos livros que é o primeiro passo para que daqui saiam muitos e bons leitores». O autarca destacou «o trabalho notável» que tem sido feito «ao longo destes anos», personificado na sua responsável, Gorete Afonso.
No dia da abertura da Feira decorreu a apresentação do livro “Histórias da AJUDARIS 16”. A AJUDARIS é uma associação particular de caráter social e humanitária de âmbito nacional, sem fins lucrativos, cuja missão é estimular e promover a qualidade de vida dos seus utentes, visando desenvolver a autonomia, combater a solidão, bem como, promover a interação destes com as suas famílias, com grupos sociais de faixas etárias heterogéneas, instituições e comunidade em geral.
Destaque neste dia para a apresentação de um outro livro, “O Bibliógrafo”, da autoria de Abel Neves. Esta obra consta de 80 «historietas» soltas, onde pode ser encontrado humor e a qualidade inquestionável da escrita do autor. O presidente do município, Orlando Alves, aproveitou o ensejo para desafiar o escritor a conceber uma peça de teatro sobre Barroso.
Ainda no dia da abertura da XVIII Feira do Livro, a companhia de teatro Filandorra levou ao palco a peça infantil “A Avó Leitura e o Baú das Histórias”, contos bem conhecidos dos mais novos. O espaço ficou lotado com crianças de todo o concelho. De destacar a iteração das personagens com o público de “palmo e meio”.
O segundo dia da Feira ficou marcado pela apresentação de mais um livro. Desta vez, “Desbravando as Silenciosas Picadas dos Dembos, MX-11-26” de Aniceto Pires. O livro fala de vivências na guerra colonial e trata-se de uma homenagem a todos os combatentes, como foi o caso do barrosão Manuel Damas, antigo prisioneiro, presente na mesa da sessão.
A fechar mais um dia do programa da XVIII Feira do Livro, decorreu uma tertúlia, ministrada pelo historiador barrosão, José Dias Baptista, que abordou o tema “O último enforcado em Montalegre”. A iniciativa juntou-se à inauguração da exposição “Comemorações dos 150 anos da lei da abolição da pena de morte em Portugal (1887-2017)”.
No dia 3 foi feita uma homenagem a José Dias Batista, historiador do concelho barrosão. Esta homenagem aconteceu a pretexto da apresentação da obra “Foz do Tédio” que comemora os 60 anos de poesia deste autor barrosão.
No quarto dia houve tempo para mais uma apresentação. “O Homem sem Memória”, de João Madureira, uma obra com perto de 200 capítulos onde são retratados episódios que revelam o amor do autor pela região barrosã. O executivo esteve representado pela vereadora da educação, Fátima Fernandes. Este dia foi ainda dedicado aos idosos barrosões, e revelou-se um verdadeiro sucesso. A iniciativa resultou do projeto “Itinerâncias Sociais e Culturais com os Seniores Barrosões”, promovido ao longo do ano pela biblioteca municipal, com o contributo da Guarda Nacional Republicana. A tarde iniciou com uma ação de sensibilização, no âmbito da operação “Idosos em Segurança”, seguida de um concerto pela banda da GNR que deliciou e surpreendeu o público.
No quinto e último dia da Feira, dia 5 de junho, destaque para as “Leituras Inclusivas – Todos juntos podemos ler” da Rede de Bibliotecas Escolares e para a visita dos alunos do ensino básico da Escola do Baixo Barroso. Para além da promoção da leitura, junto dos alunos com necessidades educativas especiais, o projeto pretende ser um espaço de partilha de saberes, de experiências e de materiais pedagógicos. Uma jornada com especial realce para a atividade desenvolvida pela CERCIMONT (Cooperativa de Educação e Reabilitação dos Cidadãos Inadaptados de Montalegre). Uma reflexão e partilha não só do trabalho realizado, mas de ações e desafios futuros. A tarde terminou com workshops desenvolvidos pelos utentes.
A XVIII Feira do Livro de Montalegre terminou com chave de ouro. O último rabisco aconteceu com o lançamento da obra “Teatro” do barrosão Abel Neves. Um serão de qualidade superior que fez cair o pano a um evento que, durante uma mão cheia de dias, primou por uma oferta diversificada, espalhada por diferentes públicos.