Diário Atual

Chaves acolhe várias iniciativas que pretendem assinalar devidamente o respeito pelos que combateram na Batalha de La Lys a 9 de abril de 1918.

Trata-se de “uma homenagem a todos aqueles que estiveram na batalha e a todos os ex-combatentes” de um modo geral, disse Maximino Fernandes do Núcleo de Chaves da Liga dos Combatentes, na conferência de imprensa, realizada na terça-feira, dia 3, na biblioteca da Universidade Sénior de Chaves.

Este ano, e pela primeira vez, o Rotary Club de Chaves e a Universidade Sénior juntam-se ao Regimento de Infantaria 19 (RI19) e ao Núcleo de Chaves da Liga dos Combatentes na organização do aniversário da Batalha de La Lys.

O diretor da Universidade de Chaves, Ernesto Areias, explicou que a parceria é “um casamento feliz” uma vez que se alia às cerimónias militares o cariz cultural e de paz da Universidade Sénior e do Rotary Club de Chaves.
Durante a conferência de imprensa, Ernesto Areias lembrou que de Trás-os-Montes partiram vários soldados que estiveram presentes na linha da frente da Grande Guerra e também nas guerras coloniais e que “seguramente foram os mais guerreiros e os mais valentes de todos”. Porém, na sua opinião, toda a zona do interior, que durante séculos defendeu a linha fronteiriça, continua a ser “a mais prejudicada de todas”.

“Esta é uma forma de homenagear os transmontanos e de lhes dizer para que acordem e que sejam tão guerreiros a defender a região como foram guerreiros a defender a pátria”, sublinhou.
Para o comandante do RI19, coronel João Godinho, a Batalha de La Lys foi muito importante para toda região e “um marco na Grande Guerra para todos os portugueses”.

As cerimónias evocativas do centenário da Batalha de La Lys têm início na segunda-feira, dia 9, com uma cerimónia militar que se realiza no Largo do Monumento, pelas 10h30, seguindo-se a romagem ao cemitério de Chaves para homenagear os combatentes da guerra. O RI19 irá ter presente uma força militar ao longo de toda a manhã e também irá marcar presença em Murça, de onde era natural o soldado Milhões e que se distinguiu na Primeira Guerra Mundial. À tarde, a partir das 17h, destaque para a realização de várias conferências sobre a Grande Guerra, na Universidade Sénior de Chaves.

As comemorações continuam na terça-feira à tarde, às 15h30, com a exibição do filme “A grande ilusão” de Jean Renoir, no salão nobre da universidade sénior, sendo seguida de um debate sobre “Movimentos artísticos nascidos no pós-guerra como consequência desta e da Revolução de Outubro”, com intervenções de Jorge Melo, Carneiro Rodrigues, Rúben Sevivas, José Leon Machado e moderação de Manuela Rainho. Pelas 21h30, sobe ao palco do Cine Teatro Bento Martins a peça de teatro “Milhões”. De referir que a peça regressa ao palco nos dois dias seguintes, no mesmo local.

Na quarta-feira, as iniciativas relativas ao centenário da Batalha de La Lys arrancam às 16h com a exibição do filme português “João Ratão” de Brum do Canto. Às 18h15 destaque para a atuação do Grupo de Jograis da Universidade Sénior. Ambas realizam-se no salão nobre da Universidade Sénior.
O último dia das comemorações, quinta-feira, dia 12, é destinado especialmente às crianças das escolas flavienses. Neste contexto, a peça de teatro “Milhões” volta ao palco do Cine Teatro Bento Martins, pelas 15h. À noite, pelas 21h, a CinquenTuna dá um concerto, seguindo-se, mais uma vez, a peça de teatro “Milhões”, no Cine Teatro Bento Martins.

A Batalha de La Lys foi um dos momentos mais difíceis e sangrentos da história portuguesa. Na madrugada do dia 9 de abril de 1918 uma força alemã atacou as tropas portuguesas que se encontravam na Flandres. Os alemães tinham como objetivo romper as linhas aliadas e separar as forças britânicas das francesas, obrigando a uma nova estratégia na frente de combate ocidental.

Na Batalha de La Lys, o Corpo Expedicionário Português ficou praticamente reduzido a metade das suas forças, com cerca de 1300 mortos, 4600 feridos, dois mil desaparecidos e mais de sete mil prisioneiros. Embora as tropas portuguesas tenham sido trucidadas, resistiram o tempo suficiente para permitir aos aliados reforçar e suster a ofensiva.

Cátia Portela

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