Diário Atual
Cristiana Pires Alves

Cristiana Pires Alves

Nos últimos artigos da nossa rubrica, “Saúde Não Mente”, tenho vos falado sobre epilepsia. Já explicamos o que é a epilepsia e como devemos agir se assistirmos a uma crise epiléptica. Também apresentamos duas das epilepsias mais comuns, a epilepsia de ausências e a epilepsia mioclónica juvenil. Esta semana será dedicada ao Síndrome de West, ou Espasmos Infantis.

O Síndrome de West inicia-se entre os 4 os 12 meses de vida e o primeiro sinal de alerta para os pais são os espasmos infantis: observa-se a flexão da cabeça, bacia e membros, com abdução (abertura) ou adução (fecho/aproximar) dos membros superiores. Estes espasmos são rápidos, duram cerca de 1 segundo, e ocorrem em salvas, várias vezes ao dia.

Para além dos espasmos infantis, encontramos uma regressão ou não progressão psicomotora e também um padrão de hipsarritmia no electroencefalograma. Apesar de estes 3 elementos caracterizarem o Síndrome de West, o diagnóstico pode ser realizado mesmo na ausência de um deles.

Relativamente ao desenvolvimento psicomotor nestas crianças, é normal até ao início dos espasmos, começando depois a regredir gradualmente ou a não progredir.

Os espasmos infantis podem ser classificados de acordo com a etiologia. Nos espasmos infantis sintomáticos, existe um factor identificável responsável pelo síndrome. De uma forma geral, qualquer problema, mesmo durante a gravidez, que possa desencadear lesões cerebrais, poderá estar associado aos espasmos infantis. Já nos espasmos infantis idiopáticos não se identifica nenhum factor, o desenvolvimento psicomotor é normal até ao início dos sintomas não se identificam alterações nos exames de imagiologia.

O prognóstico depende da resposta à terapêutica e da etiologia. O síndrome idiopático que responde favoravelmente e com rapidez à medicação, tem o melhor prognóstico. Os espasmos infantis sintomáticos dependem da doença subjacente e, geralmente, têm pior evolução.

Devido ao seu pobre prognóstico e à idade de início, não é um síndrome epiléptico com o qual seja fácil de lidar. Mas, mais cedo ou mais tarde, os pais e familiares terão de encarar que a criança tem Síndrome de West e, em conjunto com os profissionais de saúde, trabalhar não só no controlo das crises, mas também assegurar uma boa qualidade de vida, que depende também das vertentes cognitivas, emociais e psicossociais.

Qualquer dúvida, questão, esclarecimento, ou se quiser sugerir um tema, contacte-nos através de [email protected].

 

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