Diário Atual
Isaura Sousa

Isaura Sousa

Não nos tem passado ao lado os múltiplos apelos que surgem nos Meios de Comunicação Social (MCS) sobre a necessidade ingente de “Educar para os Valores”, tal como não nos são estranhas muitas das obras literárias que se multiplicam, de formas tão diversas e diversificadas, quanto o são cada um/a dos/autores, cujo conteúdo versa, incide, assenta, revela, as mesmíssimas preocupações.
Tal como podemos constatar são vários os verbos, indicativos das ações que podemos praticar, relativamente a uma matéria que não é, facilmente, compaginável com a sociedade em que vivemos. Cada um deles incide nas diversas formas que podemos aplicar para pormos em prática essa “Educação” tão propalada, mas cujo défice salta aos olhos de qualquer “Pessoa” que se reveja em tudo quanto se passa, mesmo, ao nosso lado.
Sim, porque se trata de “Prática”, de atuações pessoais que têm que se rever na nossa forma de estar e de ser em todo e qualquer lugar, em toda e qualquer situação, em todas as circunstâncias, que nos sejam dado viver. É que é mesmo de “Vida” que se trata, de vida em plenitude, de vida que reflita a individualidade de cada ser pensante e atuante e que, como tal, tem que assentar no “respeito total” pelo pensamento de quem teve as oportunidades que lhe foram concedidas num ambiente familiar, comunitário, social, próprio.
É este o sentido da mensagem desta semana.
“Ninguém educa Ninguém”, são tantas vezes se ouve proferir.(?). Aqui deixamos o nosso ponto de interrogação, até porque pensamos que duas negativas na mesma frase originam uma forma positiva de afirmação que preferimos adotar no nosso quotidiano.
Assim sendo “Alguém educa Alguém” tem sido, foi sempre o nosso lema de vida e de contexto. Vida, na medida em que atinge a sua própria PESSOA; contexto, na medida em que abrange todas as variáveis, todas as condicionantes, em cada situação que essa mesma PESSOA interage.
Assim sendo, poderemos pensar nas dificuldades com que esse/este SER PENSANTE se debate, nos dias de hoje. É que, sendo tão complexas, quanto díspares, as circunstâncias com que nos deparamos, dependentes do meio e da função que nos é atribuída, só nos resta uma alternativa: adaptar a nossa forma de estar e de ser ao meio onde temos que nos inserir.
Valeria a pena deter-nos, um pouco sobre a ideia que acabámos de proferir. Primeiro referimos a nossa “forma de estar”: é que se estou em minha casa, estou de uma forma em que me sinta confortável, feliz; porém, se estou em outro qualquer lugar, e eles são tão diversos, quanto as situações reais com que cada dia somos confrontados/as, tenho que adaptar a minha conduta, “forma de estar”, à própria realidade de momento, aceitando-a, em primeiro lugar, observando-a, atentamente, vendo e ouvindo toda e qualquer mensagem que seja emitida, ligando-a a um pensamento (com)sequente e, só depois, estaremos em condições de manifestar a nossa “forma de ser” de acordo com os momentos concretos que vivenciamos.
Não deixemos de o fazer, com ou sem palavras, mas pelo exemplo. Muitas vezes, através do silêncio também se fala. Ou, porque não consideramos oportuna uma intervenção linguística, ou porque as circunstâncias nos levam a amadurecer sobre as ideias soltas que fomos conseguindo interiorizar, ou porque o momento, tão só, poderia ser adverso às mesmas.
Gostaríamos, contudo, que ficasse bem certo que um dos VALORES que nos propomos sobressaltar, em primeiro lugar, neste momento, é o valor da “ACEITAÇÃO”.
Se aceitarmos as situações tal como as conseguimos “enxergar”, tantas vezes, através da miopia do nosso próprio egoísmo; se aceitarmos as ideias dos outros, ainda que nos pareçam, à primeira vista, descabidas; se nos aceitarmos a nós próprios/as, dentro das condicionantes que nos rodeiam, decerto, no momento determinado poderemos agir, poderemos atuar, com a serenidade, com a humildade, com a sabedoria que a própria prática, revista na experiência ajustada ao pensamento partilhado de quem tem a coragem de o fazer, nos proporciona.
Então poderemos inverter a ideia que deixámos suspensa e passar a afirmar que: “Alguém educa Alguém”.

Isaura Sousa

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