Diário Atual

Professor de Educação Física, e com o nível 3 UEFA Advanced de treinador de futebol, Bruno Batista Alves entende que é altura, aos 36 anos, de avançar para um projeto próprio numa área onde quer vingar. Para trás ficam cinco anos de sucesso na equipa técnica com Carlos Guerra. Enquanto não assume o comando técnico de uma equipa, o flaviense conversou com A Voz de Chaves sobre as últimas temporadas.

A Voz de Chaves: Fim de ciclo na equipa técnica com Carlos Guerra, porque a decisão?
Bruno Alves: Eu sei que não parece uma decisão óbvia. Os últimos anos são épocas de sucessos consecutivos, estar na ‘sombra’ é estável, mas chegou a altura de me por à prova. Sei também que não é uma decisão e caminho fácil de percorrer pois o futebol é um negócio, movido por interesses e onde os agentes desportivos têm uma grande influência. No entanto, sinto que é o momento de por em prática as reflexões diárias que sempre fiz do trabalho realizado com Carlos Guerra, mas também com outros treinadores principais com quem tive o prazer de colaborar. Sempre fui e serei um treinador reflexivo. Não me acomodo. Não assumo esta posição de ânimo leve. É um risco que assumo, mas também já são doze anos a cooperar com treinadores principais em várias funções: planificação, programação e execução do treino, na observação e no scouting. Também apostei sempre na minha formação, pois tenho o III Nivel (Uefa Advanced). Já trabalhei na formação, na transição formação/seniores e seniores. Todos estes momentos foram fases de aprendizagem. Creio ter uma bagagem bastante interessante para ter sucesso na função de treinador principal. Todas estas funções foram feitas maioritariamente no Grupo Desportivo de Chaves na atual estrutura diretiva, a quem aproveito para agradecer estas oportunidades e confiança demonstrada em todos os momentos, principalmente ao Sr. Francisco Carvalho. Atenção que com isto não me estou a despedir do GDC.

Qual o balanço destas temporadas?
Bastante positivo. Os resultados são a imagem de marca de uma equipa técnica. Não é por vaidade que o digo, mas juntos conseguimos duas manutenções no Campeonato Nacional de Seniores pelo Juventude de Pedras Salgadas, uma subida com o título de vice-campeão nacional da segunda divisão nacional e uma manutenção histórica da equipa no campeonato nacional pelo GDC sub-19 e, por último, uma subida e título de campeão distrital pelo GDC satélite. Esta é a fase mais visível, mas há outros balanços a fazer. Como treinador cresci imenso com Carlos Guerra. Foi um treinador que me deu sempre total liberdade, confiança e autonomia na parte da planificação e condução do treino. Neste balanço também quero dar uma palavra aos jogadores. A oportunidade de treinar jogadores de qualidade ao longo deste percurso foi exigente, mas também me fez evoluir/repensar ideias. Acredito que da parte deles também tenho este reconhecimento. Espero ter contribuído para que alguns tenham atingido bons patamares e no futuro mais jogadores o possam atingir. Acredito que o meu trabalho contribuiu para o crescimento dos jogadores.

Na mensagem de despedida falas em não ter sido um ‘yes man’. Foi esse um dos segredos de muitos sucessos?
Claramente. Sou das poucas pessoas que conhecem verdadeiramente o mister Carlos Guerra e acreditem que se eu fosse um ‘yes man’ não seria este tempo todo o seu adjunto. Para evoluirmos temos que questionar e sermos questionados. Há momentos que não são fáceis, de debate e confronto de ideias mas só assim é que evoluímos. Creio que também o fiz evoluir como treinador e a repensar algumas ideias.

O que se segue agora… Já há novidades para o futuro?
Não há novidades ou pelo menos a que eu queria. Admito que estava à espera de um convite, mas a opção recaiu sobre outro treinador. No entanto, como se diz na gíria do futebol o telefone já tocou e tenho alguns convites para manter a mesma função (treinador-adjunto), outras funções (coordenador da formação) e a de treinador principal num escalão de formação. Tenho que ponderar. Nunca tomei uma decisão de ânimo leve e não será agora que o farei. Quem sabe até poderei fazer um ano sabático com estágios em equipas técnicas de clubes da primeira liga e treinar pelo simples prazer de treinar miúdos, sem o peso do resultado, esperar por uma melhor oportunidade e depois regressar ao ativo como treinador principal num bom projeto. Tudo neste momento são hipóteses. Não posso dissociar a minha decisão ao fato de também ser professor de educação física, mas a minha ambição é e será sempre a de ser profissional de futebol. Às vezes, é tudo uma questão de oportunidade. Eu sei que vou tê-la.

Será o regresso a treinador principal, depois de orientares a equipa de futsal feminino da AD Flaviense, quais as diferenças entre aquela altura e agora?
Ainda bem que te lembras desses momentos. Foi um ano fantástico. Ficamos a um passo de disputar o título de campeão nacional de futsal. As diferenças serão sobretudo na ponderação que tenho na análise do momento, porque sou um treinador mais maduro, mas a ambição mantenho-a e manterei sempre.

Diogo Caldas

loading...
Share.

Deixe Comentário