Diário Atual

O Desportivo de Chaves já trabalha a pensar na nova temporada, que toda a estrutura quer que seja de sucesso. Carlos Adão, director desportivo dos flavienses, analisa a época passada, e lança a nova temporada, onde o objectivo é voltar a estar na luta pela subida de divisão.

Carlos-Adão-com-o-novo-treiO Desportivo de Chaves já está a preparar a nova temporada, como tem corrido até agora?
Está a correr dentro da normalidade, as condições alteraram-se profundamente em relação à última época e estamos a treinar no nosso espaço, e nas nossas instalações, o que leva a um menor desgaste para a equipa. Esperamos uma integração mais fácil dos novos jogadores com esta preparação.

Face a esta melhoria e às contratações, parece-lhe possível lutar pelos primeiros lugares?
Penso que sim, embora no futebol não haja certezas absolutas. Contratamos jogadores para as posições que achamos ser necessárias. Contratamos jogadores que foram revelações nos clubes onde estiveram e esperamos que sejam mais valias para o Chaves.

Há várias contratações para esta época, já 11 confirmadas, qual tem sido a preocupação da estrutura na escolha?
O objectivo é equilibrar a equipa nos diversos sectores, tendo em média dois jogadores por cada posição, pois o campeonato é longo, com mais de 50 jogos. Queremos um plantel com um número de jogadores suficientes para estar em todas as frentes.

Com as últimas três contratações, João Paulo, João Vieira e Tarcísio, este último já conhecido, o plantel continua em aberto?
Estará próximo de estar completo. Alguma alteração terá sempre a ver com alguma saída. Fechado não podemos dizer que está, pois haverá jogos para observar os jogadores e para perceber a sua performance e analisar se é o suficiente para aquilo que pretendemos.

Quanto às permanências, houve saídas de jogadores que o Chaves queria manter?
Como se sabe até saiu um ou outro jogador que tinha contrato. Há uma situação que os flavienses não estão atentos, mas do plantel do Desportivo de Chaves na temporada passada, houve cinco jogadores contratados por clubes da primeira liga. É sinal que havia qualidade e até havia mais um ou dois jogadores que poderiam ter saído para a primeira liga mas não permitimos.

“Estivemos próximos do objectivo da subida, mas não o conseguimos porque tivemos um início desequilibrado”

Com o plantel recheado de qualidade, o que falhou no ano anterior para a subida não se concretizar?
Houve quem duvidasse do valor do plantel, mas ficou demonstrado que até jogadores com menos utilização tinham qualidade. Estivemos próximos do objectivo, mas não o conseguimos porque tivemos um início desequilibrado, com resultados em casa que nos deixaram longe dos primeiros lugares e a própria falta de campo não ajudou.

Ainda assim, o Chaves chegou ao final da temporada na luta pelo play-off de promoção, mas faltou um pequeno passo…
No final, as contas fazem-se por aquilo que a equipa fez ao longo da época. Com a recuperação que tivemos, sabíamos que não podíamos falhar em nenhum jogo, o que num campeonato tão longo é difícil que a equipa consiga 10 ou 15 jogos sem perder pontos.

A época começou com João Eusébio como treinador. Depois da saída deixou algumas críticas à estrutura. Compreendeu porquê?
Ele tem a sua opinião. Toda a gente sabia que não tínhamos as condições iniciais no início da temporada e ele também sabia. Faltou algum equilíbrio e isso acabou por prejudicar o clube e ele também.

Com Quim Machado, a equipa acabou por conseguir uma boa fase no campeonato…
Também sentiu dificuldades iniciais, pois a equipa estava longe, em termos físicos, do necessário. Foi preciso recuperar a equipa, e depois disso acontecer, ela foi pela tabela acima e demonstrou que tinha capacidade para poder chegar mais longe.

Sobre as saídas para a 1ª Liga, uma delas é uma venda, com Kuca a render dinheiro para a SAD do Chaves ao sair para o Estoril. Podem haver mais jogadores a seguir este caminho?
Raramente aparecem jogadores da 2ª Liga a serem vendidos, a realidade é essa. O Chaves é nesta altura uma boa montra para os jogadores que queiram ter um futuro risonho, pois é estável e cumpre os seus compromissos. Acredito que no final desta época vamos ter muitos jogadores cobiçados.

“O Chaves melhorou a imagem em mais de 100%”

Qual a sua opinião sobre o novo treinador para o Desportivo de Chaves, Norton de Matos…
É um treinador que não precisa de apresentações. Já passou por muitos clubes da primeira liga, e tem um passado ligado à formação. É um homem com bom carácter e diálogo, o que é meio caminho andado… Os métodos são agradáveis de seguir, pois o trabalho é bem feito. Espero que todos juntos, com toda a gente a puxar para o mesmo lado, equipa e adeptos, consigamos o objectivo.

Chegou ao departamento de futebol na temporada passada. Tem sentido a evolução do clube na organização?
Necessitávamos de mais algumas coisas, não vou esconder isso, mas o clube tem de ir dando passos pequenos, e estabilizando e profissionalizando algumas áreas. Para um clube que esteve tantos anos afastado desta realidade, não me posso queixar, embora tenha sentido algumas dificuldades inicialmente. Acredito que este ano será muito melhor, pois estão reunidas as condições para isso.

O que precisa o clube de evoluir ainda?
Será sempre a pensar numa conjectura global. Sabemos que a formação não tem as condições ideais, para poder ser um alicerce da equipa profissional. Precisamos de melhorar o scouting, para vermos mais jogadores. O marketing e a comunicação também precisam de melhorias.

Que imagem está a ter o Desportivo de Chaves lá fora?
O Chaves melhorou a imagem em mais de 100%. Como se sabe o clube passou por um momento negro, onde não cumpria com os seus profissionais e bateu quase no fundo. Agora está a erguer-se. Os apoios são escassos, e por isso é preciso enaltecer a família do Sr. Francisco Carvalho. Ele não deixou o clube acabar e pode ainda chegar a um patamar mais alto do futebol português.

“O meu objectivo é em dois anos por o Chaves no lugar em que merece e acredito que seja possível”

Estas funções de director desportivo era aquilo que desejava quando deixou de jogar futebol?
Nunca tive como objectivo chegar a esta função. Trabalhei durante sete anos no scouting, no Belenenses, no Vitória de Guimarães e no Braga. Tenho boas passagens por esses clubes. Surgiu-me este convite, de poder regressar à minha terra, e acho que o Desportivo de Chaves devia estar por direito próprio na 1ª Liga. Foi nesse sentido que vim, para ajudar, pois sou profissional de futebol desde sempre, fui jogador da 1ª Divisão e internacional, conheço agora praticamente todos os jogadores da 1ª e 2ª Liga. O meu objectivo é em dois anos por o Chaves no lugar em que merece e acredito que seja possível.

Conseguir ter os jovens da região nos seniores do clube é um obejctivo há muito desejado. Como seria possível?
O Chaves neste momento tem uma academia, que permite ter alguns jogadores da região. Temos de nos virar para isso, em chamar os melhores jogadores da região para o clube, sem descurar o factor educacional. Vem uma pessoa para coordenar todo o futebol juvenil e terá certamente essa preocupação.

Vem sempre à memória os tempos de jogador?
É passado, e o passado é museu, como se diz. Por vezes sentimo-nos pequenos, pois há muita gente que já não me viu jogar e outros que não sabem quem fomos. Tenho um passado interessante como jogador, com mais de 500 jogos, e fui internacional em praticamente todos os escalões. Fui a um mundial de juniores, tive 11 anos de 1ª Liga e seis na 2ª Liga. O Chaves também foi um bom marco na minha vida e daí a vontade em vir para Chaves, que não era actualmente o meu local de residência, para ajudar o clube.

Os bons anos do Chaves na 1ª Divisão são também os bons anos do Adão, mas nunca houve o regresso…
Houve essa possibilidade na altura, de regressar, mas era sempre visto como jogador da terra e em termos de valores oferecidos eram sempre abaixo do que se pagava na altura. Nunca houve um empenhamento muito forte das pessoas para que regressasse.

Tem algumas histórias desses tempos que guarde na memória?
No final da carreira, quando joguei pelo Penafiel, contra o Chaves as coisas não corriam bem. As pessoas não percebiam que tinha de ser profissional e dar o máximo pelo clube que representava. Embora me custasse, sempre que defrontava o Chaves, procurava dar o meu melhor. Ainda marquei alguns golos contra o Chaves, embora não tivesse um gosto em fazê-lo, mas era picado e isso dava mais motivação.

Diogo Caldas

Formação arranca
com captações hoje

O escalão de juvenis é o primeiro a arrancar para a nova temporada, com o período de captações a decorrer entre esta sexta-feira, e sábado, 11 e 12 de Julho. Já dia 14, segunda-feira, começam os treinos para o plantel.
Também com período de captações nos escalões de juniores e iniciados, este irá decorrer dia 19 de Julho, sábado, começando os trabalhos segunda-feira, dia 21.
Quanto aos treinadores, está encontrado o novo treinador de juniores. Será Mário Fonseca, que irá acumular também a função de coordenador dos escalões nos nacionais, juniores, juvenis e iniciados.

DC

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