Os costumes e as tradições do mundo rural voltaram a estar em destaque no Jardim Público de Chaves. A Feira da Cultura do Mundo Rural, organizada pelo Teatro Experimental Flaviense, conta já com uma mão cheia de presenças e de ano para ano tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos.

O certame decorreu no fim de semana passado, dias 15 e 16, e este ano contou com várias novidades. Pela primeira vez realizou-se o Passeio Vintage, uma iniciativa dirigida aos amantes das bicicletas clássicas e que segundo a organização superou todas as expetativas. No evento estiveram presentes cerca de quatro dezenas de flavienses que “vestidos à época” pedalaram pelas ruas mais emblemáticas da cidade e pela zona ribeirinha.
A ideia, segundo contou Mário Lino, é tentar trazer algum do “misticismo” destas bicicletas, bem como “preservar aquilo que é antigo” e que faz parte da nossa cultura.

“Hoje em dia volta a haver bastante interesse pelas ditas pasteleiras e inclusive há empresas que têm tentado reproduzir os modelos mais antigos”, acrescentou o responsável.

Ao mesmo tempo, nesta iniciativa, “quisemos que as pessoas tirassem benefício do exercício físico”, sublinhou o pintor flaviense Mário Lino.

A pasteleira era uma bicicleta utilizada pela população, no seu dia a dia, como meio de transporte, num tempo em que havia poucos carros. Com o passar dos anos os modelos foram evoluindo e sendo adaptadas para outros usos, nomeadamente para a competição e para o lazer.

Apaixonado pelo mundo das bicicletas, o vice-presidente da Câmara de Chaves, Carlos Castanheira Penas, marcou presença no evento com uma bicicleta de corrida de 1982 e com um dos equipamentos alusivos a Bernard Hinault, campeão do mundo por diversas vezes entre finais da década de 70 e meados de 80.

“De certa forma eu decidi homenagear o Bernard Hinault e trouxe um dos equipamentos que ele mais promoveu enquanto campeão do mundo, que é o da Renault Elf. Hoje tive a oportunidade de poder utilizar este equipamento, um equipamento de coleção, que associado à bicicleta fez deste dia um dia em cheio e que me fez sentir particularmente feliz”, contou o dirigente.

Evento contou com o apoio dos “amiguinhos de quatro patas”

A Cãominhada, organizada pela Associação dos Amigos dos Animais de Chaves, foi outra das iniciativas que fizeram parte da V Feira da Cultura do Mundo Rural e que contou com cerca de uma centena de participantes.
Juntar os donos e os seus amiguinhos de quatro patas numa caminhada foi o objetivo da associação dirigida por Milena Melo.

“E quem não tinha nenhum animal não tinha desculpa para não participar, pois podiam levar um dos nossos animais do canil”, frisou a responsável.

Esta foi a primeira vez que a associação organizou uma iniciativa do género e, no final, o “balanço foi muito positivo”. Houve muitas pessoas que vieram à feira “ver os nossos animais, entregar donativos” e até houve seis “amiguinhos”, quatro cães e duas gatas, que foram adotados.

Os Escoteiros de Chaves também participaram na Cãominhada através da distribuição de garrafas de água pelos participantes.

A iniciativa terminou com uma palestra, proferida por António Brandão, sobre “Como modificar o comportamento do seu cão”.

Pela primeira vez também, a Feira da Cultura do Mundo Rural contou com a realização do Festival do Rancho Folclórico da Vila Medieval de Santo Estêvão que levou até ao Jardim Público vários grupos de danças e cantares tradicionais da região.

“Houve de facto muitas iniciativas novas e que foram bem acolhidas por parte do público. Estamos muito satisfeitos e penso que esta edição foi um sucesso”, destacou o presidente do Teatro Experimental Flaviense (TEF), Rufino Martins.

Na opinião do responsável esta feira vem promover alguns aspetos da cultura flaviense que estavam um bocadinho esquecidos.

“Desta forma, achamos que poderíamos contribuir de uma forma positiva para engrandecer a cultura da nossa cidade. A nossa feira não divulga só um produto ou um produtor. A nossa feira acolhe as vivências, os sons, os sabores, ou seja, ela alberga todo o mundo rural”, explicou Rufino Martins.

De referir que do vasto programa fizeram ainda parte as atuações dos ranchos folclóricos da Associação Desportiva e Cultural dos Amigos de Vila Boas, do Grupo Cultural da Serra do Brunheiro, do Grupo Tradicional de Ventuzelos, do Grupo de Danças e Cantares Regionais de Santo Estêvão, do cantor de música popular Alberto Ferry e da Orquestra Simpatia.

Pelo meio houve teatro, protagonizado pelo grupo de atores do TEF, realizou-se o torneio de fito e foi servida a “queimada”. Ao longo dos dois dias, o recinto contou ainda com expositores de gastronomia local, de artesanato, de calçado, de bijuteria, de artigos usados, de alfaias e tratores agrícolas.

Cátia Portela

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