Diário Atual

Há mais de 37 anos a militar pelo PSD nas juntas de freguesia, João Neves decidiu desvincular-se do partido social democrata nas últimas eleições por considerar que não tinha uma “estratégia política” que servisse os interesses dos cidadãos e concorreu às autárquicas 2013 pelo Movimento Autárquico Independente (MAI). Agora, João Neves é vereador em regime de permanência na Câmara de Chaves através do acordo de governação que assinou com o executivo municipal no dia 19 de Novembro. Das oito áreas de intervenção que lhe foram atribuídas, João Neves, em entrevista à A Voz de Chaves destaca a acção social como “a sua principal área de intervenção” nos próximos quatro anos.

Joao-NevesA Voz de Chaves (VC): Como dirigente do Movimento Autárquico Independente (MAI), quais é que foram as principais razões que o levaram a estabelecer um acordo de governação com o executivo municipal de Chaves?

João Neves (JN): Eu aceitei o cargo de vereador na Câmara de Chaves porque achei que haviam muitos pontos convergentes nas propostas do MAI e nas propostas de candidatura à Câmara de Chaves apresentadas pelo PSD. Após algumas reuniões com o executivo municipal foi possível chegar a um entendimento entre as duas partes.

Posso-lhe acrescentar inclusive que no processo negocial de aproximação das duas vontades políticas houve cedência por parte do presidente eleito de áreas que eu sempre achei como essenciais na vida política e com as quais sempre me identifiquei, que é o caso da acção social. Outras áreas que também valorizo muito são o turismo, a gestão dos equipamentos do município, nomeadamente as termas, o sector empresarial municipal, os mercados e as feiras, os transportes públicos, a gestão do trânsito e estacionamentos, a comissão de segurança e fiscalização sanitária.

VC: Concretamente, qual é o plano de acção para os próximos quatro anos como vereador na Câmara de Chaves?

JN: A governação desta câmara nestes quatro anos não será fácil, a dívida persiste e ainda há muita coisa por resolver. O mais importante neste momento é terminar as obras em curso, nomeadamente a fundação Nadir Afonso, o Museu das Termas de Chaves, no Largo do Arrabalde, em curso há cerca de oito anos.

O MAI considera ainda pertinentes para serem executadas e constam do acordo com o executivo camarário a reedição do dia do idoso, tido como o maior evento social sénior do concelho, a implementação de instalações sanitárias públicas na cidade, a construção de uma casa mortuária na cidade, que há mais de doze anos que insisto nesta questão, a pavimentação das principais artérias da cidade, que na minha opinião se encontram num estado miserável, a requalificação do Largo General Silveira (Jardim das Freiras), a requalificação também do campo de Futebol da Associação Desportiva Flaviense, a construção de um novo edifício para acolher a piscina municipal. Sobre a piscina municipal posso já adiantar que muito brevemente vai ser elaborado um projecto para a construção das piscinas e estou convencido que nestes quatro anos os flavienses vão ficar dotados com uma piscina de água quente. Além disso, prevê-se a construção de um Pavilhão Multiusos na Escola Nadir Afonso, que futuramente poderá vir a ter outras funções nomeadamente, poderá ser utilizado para a realização da feira dos Sabores e Saberes e para a realização de outros eventos similares aos que se fazem no resto da região, como em Boticas, Montalegre, Valpaços, Vinhais… Nós como capital do Alto Tâmega temos a necessidade urgente de calar muita gente e fazer uma obra com dignidade e que nos encha a todos de orgulho. Outra das prioridades é a conclusão do saneamento no mundo rural, a pintura das vias municipais e a criação de um gabinete estratégico para o desenvolvimento do município de Chaves.

VC: Uma vez que durante a campanha eleitoral sempre demonstrou ser contra o actual líder da Câmara de Chaves, António Cabeleira, como é que acha que os eleitores que votaram no MAI reagiram a este acordo com o PSD?

JN: A principal razão em ter aceitado este cargo foi porque de facto, haviam alguns pontos em comum no programa dos dois partidos. Quem anda na política sabe que as campanhas eleitorais são sempre constituídas por chavões e panfletos, onde os candidatos tentam diminuir os outros candidatos. Mas a verdade é que a campanha eleitoral terminou no dia 29 de Setembro e agora temos de pensar de outra maneira e o concelho não deve ficar parado. Aliás, eu também estou aqui para dar a mão à palmatória, tal como está o actual presidente da câmara. E se houve coisas que não foram correctas nós temos de ter o discernimento de nos desculpar uns aos outros porque o que passou, passou . Nas eleições autárquicas candidatei-me pelo Movimento Autárquico Independente mas toda a gente sabe que a minha matriz é social-democrata. A criação do MAI, na altura das eleições, foi apenas por falta de entendimento político com o actual presidente da câmara porque politicamente cada um queria manifestar as suas ideias e, na realidade, eu gostava de ter vencido as eleições autárquicas, mas não venci e respeito aqueles que venceram.

Mas quero também salientar que ambas as partes acordaram, artigo 3 do acordo de governação, que iremos manter autonomia relativamente às questões de natureza política de âmbito local e nos assuntos da esfera concelhia, ou seja, é óbvio que se eu entender que há questões que não são do interesse do município eu não votarei a favor. Como eu disse aos flavienses, estou aqui para defender os interesses de Chaves.

VC: Para quem o conhece sabe que sempre esteve muito ligado à área social. Quais são os projectos a serem desenvolvidos a curto e médio prazo?

JN: Na base da candidatura do MAI sempre esteve a defesa dos interesses dos flavienses.

E eu identifico-me bastante com esta área porque é muito próximo à minha maneira de ser e de estar na vida que é poder ajudar quem mais precisa.

Desta forma, na área social, a curto prazo estamos a desenvolver uma campanha natalícia e muito brevemente vamos iniciar a distribuição de alimentos pelas famílias mais carenciadas.

Também já reuni com os responsáveis pelos serviços de acção social e solicitei, no prazo de 90 dias, o levantamento exaustivo dos números exactos das pessoas carenciadas a viverem nos bairros sociais nomeadamente, a situação das casas de habitação nos bairros de Casas dos Montes, do Forte (Bairro Verde), dos Aregos e em Vidago. Por exemplo, temos conhecimento de situações em que há pessoas que estão a usufruir de casas socias mas que nem sequer habitam lá, ou seja, há pessoas que têm mas que não precisam realmente e há outras que estão a viver em condições miseráveis e nós queremos acabar com essas situações.

Creio que no final de Fevereiro o levantamento destas situações já estará concluído para que consigamos actuar de acordo com a lei.

VC: E relativamente à área do Turismo?

JN: Relativamente ao turismo estamos já a trabalhar nessa área. O turismo é uma área que precisamos desenvolver em conjunto com os restaurantes da cidade e com os hotéis e pensões através da criação de acordos no sentido de quando as termas estiverem a funcionar consigamos oferecer preços ainda mais acessíveis. Na feira dos Sabores e Saberes, 2 de Fevereiro, estamos também a fazer contactos no sentido de trazermos cá o programa “Portugal em Festa” da SIC que irá transmitir a partir de Chaves o evento da feira do fumeiro. É uma mais-valia para a nossa cidade e é uma oportunidade de mostrar ao mundo a nossa terra e aquilo que nós temos de bom a nível gastronómico e não só.

VC: Falou-me há pouco também no sector empresarial. Que medidas estão a ser desenvolvidas no sentido de atrair as empresas para a cidade?

JN: No sector empresarial temos alguns empresários interessados em investir na nossa terra. As condições que a Câmara de Chaves oferece aos investidores são óptimas, não só através dos preços acessíveis dos lotes mas também através dos acessos terrestres em que essas infraestruturas se encontram, autoestrada e fronteira com Espanha. Neste sentido, a função da câmara é enriquecer o concelho, através não só dos impostos que cá ficam mas também porque os jovens saem beneficiados ao conseguirem emprego nessas empresas.

VC: No dia 19 de Novembro, data em que foi assinado o acordo de governação entre o executivo municipal e o MAI, disse que “é um mandato que vai ficar na história dos flavienses”… Gostaria que comentasse a sua afirmação.

JN: É um mandato que vai ficar na história dos flavienses porque eu conheço bem as minhas capacidades e quero ficar na lembrança dos flavienses como uma pessoa que veio para a câmara de Chaves e que trabalhou para que as coisas fossem feitas de forma diferente. Eu reconheço que o presidente da câmara é uma pessoa trabalhadora, muito dinâmica, honesta, e ambos temos a vontade de querer levar isto para a frente. Cada pessoa tem as suas características e eu acredito que se estamos aqui é por mérito próprio, mas eu sou uma pessoa mais populista, sei lidar com os idosos, com a gente do mundo rural e da cidade, ao contrário do actual presidente da Câmara de Chaves que é um homem mais de gabinete. Eu não gosto de defraudar as pessoas e tento sempre dar uma resposta positiva desde que seja possível.

VC: E daqui a quatro anos pensa candidatar-se novamente à Câmara de Chaves?

JN: [risos]Não faço a mínima ideia. Ainda falta muito tempo. Quem quiser fazer alguma coisa aqui tem de trabalhar. Os flavienses devem ter confiança na gestão da Câmara de Chaves porque do que depender de mim a gestão da câmara será realizada de forma transparente e sem grandes convulsões. E estou convencido que vamos ter sucesso nas nossas apostas ao longo destes quatro anos.

 

Cátia Portela

 

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5 comentários

  1. António Abreu on

    Já era tempo deste senhor dar lugar a outros. Não era esta configuração camarária que os eleitores queriam. Vai continuar tudo na mesma ou pior.

  2. humberto seixas on

    joão neves ja fez historia na camara de chaves
    inda que num faça MAI nada ja fez historia

    biba bilar e o joão nebes que tem

    Quanto mais me debruço com os puliticos MAI independente me sinto

  3. Francisco Rosa on

    Fazer história? Mais ainda? Pelos maus costumes!!! Histórias tens tú contado aos flavienses. Histórias de mentiras!
    Ó Estraga a tábua não vigarizes mais os flavienses. Faz jús no seres transmomano.

    Fico tão triste por ver a minha cidade entregue a gente desta laia!!!

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