Um impressionante acervo de mais de 500 aparelhos fotográficos de todos os tempos, marcas, cores e feitios motivou uma visita guiada de vários membros da associação Lumbudus à casa de um coleccionador muito especial. Algumas raridades da colecção podem ser vistas até dia 31 de Agosto na Mostra de Gravuras e Aparelhos Fotográficos Antigos, no Restaurante Bela Vista, em Chaves.
Chamem-lhe relíquias, raridades ou preciosidades. Ao todo são entre 500 e 600 máquinas fotográficas de todos os tempos, marcas, cores, feitios, tamanhos e usos. Há inúmeros modelos anteriores a 1900, as primeiras máquinas da marca Lumière ou miniaturas usadas pelos espiões durante a Segunda Guerra Mundial. Poucos saberão, mas estas relíquias estão em Chaves, guardadas numa verdadeira “caverna de Ali Baba” do mundo fotográfico. Na passada quinta-feira 14 de Julho, vários membros da Associação de Fotografia e Gravura Lumbudus juntaram-se para visitar este “tesouro” escondido na casa particular de um dos associados, um coleccionador discreto e apaixonado pela que é considerada a 8ª arte.
Entre as relíquias, estão objectos que ajudaram a reproduzir diversos olhares e formas de interpretar a realidade ao longo dos tempos: daguerreótipos (que à época geraram rumores da “morte da pintura”), ambrótipos (o aparelho mais usado em todas as aplicações fotográficas de 1850 a 1880), ferrótipos (aparelho munido de placas húmidas e muito popular nos EUA a partir de 1860), miroscópios e até praxinoscópios (instrumento de animação que sucedeu ao zootrópio, um dos primeiros artefactos a produzir imagens sequenciadas em movimento, ou seja, as origens do cinema). Há ainda mais de 100 mil fotografias e negativos, espólios completos de fotógrafos flavienses, silhuetas, retratos antigos de famílias nobres inglesas ou do General Óscar Carmona, caleidoscópios, pins, carimbos, cartões de visita, livros e revistas.
Fervoroso adepto do coleccionismo, mas nada exibicionista, o associado da Lumbudus, possuidor de um verdadeiro museu em casa, prefere manter o anonimato. O tempo que dedica à paixão pela fotografia? Infinito. Em miúdo, chegou a coleccionar selos, mas nada que se compare à dimensão a que chegou com as máquinas fotográficas que começou a juntar em Junho 2009. Como selecciona? “Tudo o que encontro relacionado com fotografia recolho”, responde, com um sorriso, o coleccionador “Lumbudus”. O seu imenso espólio dificilmente consegue ser apreciado por leigos. O próprio estuda cada peça que adquire – motivado por um gosto viciante, obsessivo e persistente –, já que cada uma tem a sua história.
Como a série inédita de Leicas banhadas a ouro que o ditador alemão Adolf Hitler mandou fazer, da qual o coleccionador possui uma cópia, que de tão rara chegou a ser mais cara que a original. “Às vezes, o preço não é fixado pelo tamanho ou pela antiguidade, mas pela raridade. Quanto mais rara, mais cara”, confirma o coleccionador. É o caso de uma Kodak rosa, datada de 1930/40, que custou 700 euros, mas vale muito mais em conjunto com as “irmãs” de outras cores. Outras vezes, o associado “Lumbudus” tem de comprar em lotes, e com peças que já possui, para obter a máquina cobiçada.
Um “perseguidor” de máquinas
“Ele persegue máquinas. Às vezes, anda anos atrás de uma”, comenta o associado Lumbudus João Madureira. “Há ali um processo lento de aproximação à fotografia e ele é a nossa alma, representa o nosso amor pela fotografia”, confidencia o escritor e fotógrafo amador, que gostou particularmente da “série vermelha”, que reúne dezenas e dezenas de máquinas dessa cor, principalmente da época soviética. “São instrumentos belos em si próprios, independentemente da fotografia. São utensílios com uma dimensão estética e um design fenomenal”, acrescenta João Madureira, que reconhece ter ficado “estupefacto” com o acervo: “Não sabia que havia tantas máquinas no mundo!”.
“Esta colecção não tem valor. Tem tanto de história, de recordação e de carinho que não há nada que pague”, refere outro “Lumbudus”, o fotógrafo António Lousada, que possui ele próprio uma colecção de 80 máquinas fotográficas e também nunca tinha visto um espólio deste calibre. “Estas máquinas traduzem uma história, traduzem um tempo. E é fabuloso olharmos e verificar o que se passava antigamente”, antes da democratização da fotografia e de surgir a era digital, acrescenta Lousada, que acredita que Chaves poderá no futuro vir a beneficiar deste “acervo soberbo”.
Algumas câmaras fotográficas do coleccionador “Lumbudus” já estiveram expostas no Arquivo Municipal de Chaves e no Outono Fotográfico de Ourense, sendo que algumas preciosidades da colecção estarão patentes até 31 de Agosto na Mostra de Gravuras e Aparelhos Fotográficos Antigos, no Restaurante Bela Vista, na rampa do Alto da Forca, em Chaves. “Além de comer, os clientes têm a possibilidade de ver autênticas relíquias”, considera satisfeito o proprietário do restaurante, Sérgio Salgado, que vê esta aliança gastronómica/cultural um meio para combater a crise e ajudar a promover as associações locais.
Sandra Pereira
7 comentários
Parabéns pela excelente colecção que tem.
Também sou coleccionadora, mas de pins.
Só quem lida com estas coisas entende o valor emocional e monetário da sua colecção.
Quem sabe se não irei visitar o Restaurante Bela Vista, em Chaves.
Se muitas pessoas utilizassem o tempo que têm a coleccionar,
talvez Portugal tivesse mais humanismo e acida de tudo Cidadania.
Paula araujo
Visite o Restaurante, não se arrependerá.
Do conjunto da coleccção também fazem parte umas dezenas de pins com motivos, marcas ou eventos, sempre relacionados com a fotografia.
Parabéns à Sandra e ao seu jornal pela simpática reportagem, pois está muito bem escrita e revela um toque muito apreciável de bom gosto e actualidade. Um forte abraço.
Parabéns pela sua impressionante coleçào e pelos comentarios.Eu também sou colecionador desde muitos anos, deixo aqui o endereco caso deseje fazer uma visita
Beleza Joaquim?
Tenho duas relíquias bem interessantes pra vender. Trata-se de uma No. 2A FOLDING CARTRIDGE HAWK-EYE MODEL B (EASTMAN KODAK CO.), em inacreditável estado de conservação, por R$ 3.000,00 e uma COMET, MADE IN ITALY, BENCINI ACROMÁTICO F. 55 mm 1:8, por R$ 1.200,00! Se lhe interessar ou souber de alguém que tenha interesse em adquiri-las, me contate.
Só hoje em pesquisa na net descobri essa fabulosa colecao de maquinas fotográficas vintage. Sou um colecionador modesto , cerca de 50 maquinas desde finais do século XIX ate década de 70. Tenho varias de madeira de Rochester , Kodak , Conley . Tenho varias da Zeiss IKON , Rolleiflex , Leica , etc.
Tenho algumas fotos das minhas maquinas publicadas no Fórum de Fotografia no topico de maquinas manuais .
Beleza Luiz?
Tenho duas relíquias bem interessantes pra vender. Trata-se de uma No. 2A FOLDING CARTRIDGE HAWK-EYE MODEL B (EASTMAN KODAK CO.), em inacreditável estado de conservação, por R$ 3.000,00 e uma COMET, MADE IN ITALY, BENCINI ACROMÁTICO F. 55 mm 1:8, por R$ 1.200,00! Se lhe interessar ou souber de alguém que tenha interesse em adquiri-las, me contate.