Diário Atual

Para 2015, a Câmara de Chaves aumentou o custo da água em 6 cêntimos por m3 e 35 cêntimos na tarifa de disponibilidade.
Antonio-CabeleiraConcessão da água em baixa ou  arrendamento das infraestruturas em alta às Águas de Portugal podem ser um caminho.
O preço do fornecimento de água sofreu um aumento de seis cêntimos, passado dos 49 cêntimos para os 55 cêntimos o m3, e a tarifa de disponibilidade, regulamentada pela entidade reguladora, ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos) que poderá situar-se entre os 2,00 e os 4,00 euros, foi fixada no valor de 3,00 euros, quando em 2014 era de 2,65 euros. Ao nível do custo, a  autarquia passará  a 70 cêntimos o m3 ao fornecedor, as Águas de Trás-os-Montes.
O aumento das tarifas, justifica-se, segundo o presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira, pelo facto de “nós termos um défice de exploração muito grande, entre o que temos de pagar às Águas de Trás-os-Montes, que fornece a água e faz o tratamento dos resíduos, e o que temos a receber dos munícipes, gerando um défice anual a variar entre 1,2 e 1,5 milhões de euros por ano”.
Acresce ainda que “em alguns anos o preço da água não foi aumentado, não acompanhado a taxa de inflação, o que foi certamente um erro, mas estamos a tempo de corrigir.”
Para o autarca, dado que Vila Real é uma cidade semelhante à nossa, onde a água é fornecida pelas Águas de Trás-os-Montes, “se compararmos as tarifas praticadas nos dois concelhos, em Chaves, já com oo aumento, 5 m3 custam 5,75 euros, enquanto em Vila Real o custo é de  7,16 euros. Já para  um consumo de 10 m3, em Chaves, o custo, que em 2014 era de 9,75 euros, passa agora para 10,50, enquanto em Vila Real é de 11,16 euros”.

Perdas  e águas pluviais no saneamento

O que também contribui para o défice de exploração são as perdas de água na rede (fissura, roturas de água, os desvios e contadores viciados pelo uso) é uma situação que “ocorre também noutros municípios e não só em Chaves”. No entanto, para António Cabeleira o problema maior ainda é o saneamento, “pelo facto de entrarem nas condutas de saneamento águas da chuva, que, depois, são tratadas como águas residuais e isso aumenta os custos significativamente. Tal situação deve-se, por um lado, ao facto das pessoas canalizam as águas pluviais para o saneamento, o que é ilegal, e, por outro, parte da rede ser deficitária e mal planeada, como é, por exemplo, a existência de coletores de saneamento no meio do rio, caso do Ribelas, que, quando vem o inverno, o nível das águas sobe e entra nas condutas, um planeamento péssimo, da herança governativa do PS de Chaves”.
Questionado sobre algumas críticas de não investimento da autarquia na modernização das redes, água e saneamento, António Cabeleira refere que “fomos fazendo investimentos na modernização das redes e também investimos noutras áreas. Não deixa de ser curioso que alguns que muito criticam são aqueles que pouco ou nada fizeram no passado. A justificação do PS para a adesão ao sistema intermunicipal, em 2001, foi o facto de não haver quantidade nem qualidade da água em Chaves, o que era verdade. E, agora, questionamos: por que é que não investiram? Mas esse problema só surgiu em 2011 ou não existia desde 1990, quando o PS assumiu a Câmara? De facto, se analisarmos o volume de investimentos nos 12 anos em que o PS esteve à frente da Câmara, em infraestruturas e equipamentos, salvo a construção da Ponte de São Roque, foi quase inexistente. Se analisarmos os 12 últimos anos do PSD, investiu-se em infraestruturas e equipamento, tais como a Biblioteca, Arquivo, Centro Cultural, Museu Nadir Afonso, Mercado de Gado…  sem deixar de investir na modernização doas redes, pois,  sempre que fizemos intervenções na rede viária, substituímos de condutas de água e saneamento, por exemplo. Esta é uma modernização que se vai fazendo aos poucos, mas também são importantes os investimentos noutras infraestruturas e em equipamentos educativos, socias, culturais e desportivos”.

Três caminhos possíveis

Numa perspetiva de futuro, para colmatar ou diminuir esta situação do défice de exploração António Cabeleira referiu que “estão a ser estudadas três situações possíveis. A primeira é mantermo-nos como estamos, continuando a Câmara a ser um intermediário, procurando modernizar as redes e a proceder ao reajustamento dos preços. Ficaremos à espera que Governo promova e concretize a fusão das quatro empresas do Norte que fornecem a água em alta,  criando uma só empresa,  Águas do Norte, que irá permitir comprar a água mais barata.  Pois, com esta fusão, todos os municípios do Norte iriam pagar o mesmo pela compra da água, cerca de 50 cêntimos por m3. Neste momento, o Porto compra a água a 39 cêntimos, enquanto nós a compramos a 70 cêntimos.”
Outro caminho passa por “concessionar a distribuição em baixa às Aguas de Portugal, recebendo a Câmara uma renda”, e o terceiro por “chegar a acordo com as Águas de Portugal  no sentido da autarquia poder arrendar  as ETAR´s (Estação de Tratamento de Águas Residuais) e a ETA (Estação de Tratamento de Água) situada nos Pisões”.

Paulo Chaves

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