Diário Atual

Vários produtores de castanha do concelho de Valpaços estão a ver os seus soutos invadidos por desconhecidos que roubam as castanhas e recorrem a ameaças.

A região da Terra Fria do concelho de Valpaços, composta pelas freguesias de Carrazedo de Montenegro, São João de Corveira, Serapicos e Padrela, é conhecida por ter castanha judia de excelente qualidade. Este facto tem vindo a atrair cada vez mais a atenção dos amigos do alheio que têm invadido os soutos e levado as castanhas.
Se o presente ano tem vindo a ser mau para a agricultura por causa da seca, e se muitos produtores viram os seus castanheiros doentes devido à praga da vespa das galhas do castanheiro, tendo havido uma quebra na produção da castanha na ordem dos 35%, estes roubos são mais um fator que em muito contribui para o prejuízo de quem vive quase exclusivamente deste fruto seco.
“Já o ano passado foi um ano difícil, mas não havia tanta gente a roubar. Mas este ano tem sido demais. E isto começou mais ou menos a meio da época da colheita. Uns de noite, outros de dia. Para além das doenças que temos, isto é mais uma praga. Sem querer ser racista, de maneira nenhuma”, explicou Hernâni Sousa, presidente da Junta de Freguesia de São João de Corveira. Ao que tudo indica, estes furtos têm sido perpetrados por pessoas oriundas de países da Europa de Leste que terão vindo para Trás-os-Montes com a finalidade de trabalhar na poda das árvores e na apanha da azeitona. Contudo, acabam por deixar esse trabalho e dedicam-se a roubar a castanha, para posteriormente a venderem: “Estão mais na parte nordeste, Bragança, Carrazeda de Ansiães… Mas eles deixam aquilo. Já no ano passado aqui a meio da ceifa deixaram de ganhar a jeira deles para vir roubar castanhas, mas foi em menor escala. [Este ano] os carros são às dezenas e alguns deles completamente cheios de pessoas. Entram pelos soutos e quando chega um produtor para reivindicar o que é dele, eles pura e simplesmente ameaçam-no”.
O presidente da Junta de Freguesia de São João de Corveira está do lado dos produtores, e demonstrou-se muito preocupado com esta situação: “É uma situação muito complicada. E alguém terá de resolver isto”. Hernâni Sousa apelou ainda à intervenção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF): “Há garotos em idade escolar. São de países comunitários e eles têm direitos, mas também têm deveres”.
Os produtores têm recorrido à Guarda Nacional Republicana para os auxiliar nesta situação, que, segundo Hernâni Sousa, “tem atuado dentro do possível e tem feito um excelente trabalho. Têm poucos meios, poucos efetivos, mas fazem o que podem”.
Tanto os produtores como o autarca esperam ver esta situação resolvida o mais rapidamente possível. “Alguns produtores quando vão apanhar aquilo que lhes custou cultivar durante o ano, chegam lá e não têm nada. As pessoas não consideram que vivem num clima de medo, mas sim num clima de impotência para resolver esta situação”, concluiu.

Maura Teixeira

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