A prova disso foi a conferência realizada no passado dia 17, pelas 20h45, na aldeia de Lebução, no concelho de Valpaços. “A presença Judaica e Cristã-Nova em Lebução” foi o título desse evento, que se iniciou com a assinatura de um protocolo de cooperação entre a Câmara de Valpaços e o Rotary Clube de Chaves, através do Centro de Estudos Judaicos do Alto Tâmega (CEJAT).

Este protocolo visa promover a cultura na região de Trás-os-Montes, em geral, e, em particular, investigar as raízes judaicas e não deixar morrer os vestígios, o modo de vida destas gentes, inteligentes e trabalhadoras que em tempos fugiram e se instalaram em terras de Carrazedo, Lebução, Santa Valha, entre outras.

Da mesa fizeram parte a vereadora da Cultura da Câmara de Valpaços, Dra. Teresa Pavão, o presidente da Junta de Lebução, Artur Jorge Alves, o presidente da Associação Cultural Manuel Palas, o investigador Jorge Ferreira, a professora doutora Lídia Machado, o presidente do Clube Rotary de Chaves, Dr. Fernando Nogueira, e o escritor Ernesto Salgado Areias, filho da terra.

Para além da assinatura do protocolo, Jorge Alves Ferreira fez uma retrospetiva da vida dos judeus nestas paragens, salientando que em Lebução viveram muitos judeus e num só ano foram presos pela Inquisição 19 pessoas, um número muito significativo, tratando-se de uma aldeia.
A professora Lídia apresentou, e bem, uma análise do romance histórico do autor Ernesto Areias, intitulado “Demónios por Sefarad”, cuja temática está relacionada com os judeus na Península Ibérica e, claro, em Lebução. Esta análise veio ao encontro do tema e complementou o que o investigador Jorge Ferreira expôs, tendo assim um fio condutor que foi uma mais-valia para a compreensão da temática judaica.

Ernesto Areias falou em projetos que gostaria de ver concretizados na aldeia, nomeadamente, a restauração da “casa grande”, fazendo aqui um centro interpretativo da vida judaica e do judaísmo, paralelamente seria feito um pequeno auditório. Neste contexto, o escritor e advogado lançou o repto à Câmara de Valpaços e à junta de freguesia para se candidatarem a fundos, através de projetos que lhe parecem viáveis pelo facto de aqui terem vivido e trabalhado muitos judeus.

Da plateia, bem composta, fizeram parte pessoas da terra, investigadores e interessados nesta temática que colocaram questões pertinentes para o conhecimento e divulgação da vida dos judeus aqui residentes.
A cultura é um meio de unir as pessoas, de trazer à tona o que elas têm de melhor, quer sejam de origem judaica, ou de outra origem qualquer,o importante mesmo é as pessoas unirem-se em prol do mesmo objetivo, neste caso, investigar e promover a cultura judaica e a vida dos mesmos por terras de Trás-os-Montes.

Trás-os-Montes não pode nem deve ficar esquecido por quem pode e deve fazer alguma coisa. Todos nós, enquanto sociedade podemos e devemos fazer com que a promoção de Trás-os-Montes seja uma realidade, uns com dinheiro, outros com ideias, outros com trabalho, outros com a escrita, como este exemplo que tem como objetivo informar todos os Transmontanos e não só daquilo que se vai fazendo nas nossas terras.

Maria Amélia do Canto Alves

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