Diário Atual

A CIMAT e a AMAT organizaram na quinta-feira passada, dia 15, um seminário para apresentar as linhas orientadoras para atrair e fixar novos empreendedores na zona do Alto Tâmega.

“Atrair e reter pessoas” na região. É este o lema da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega (CIMAT) para os próximo quatro anos. Quem o disse foi Ramiro Gonçalves, recentemente eleito primeiro secretário executivo da CIMAT, no seminário que teve como objetivo a análise dos desafios e das estratégias para a fixação de jovens empreendedores no Alto Tâmega.

Com a diminuição acelerada da população nas regiões do interior, devido ao envelhecimento acentuado e ao êxodo das camadas mais jovens para as áreas do litoral do país, a zona do Alto Tâmega tenderá a ficar cada vez mais deserta, independentemente das medidas que sejam tomadas. Apesar disso, Ramiro Gonçalves acredita que há “atenuadores” que podem ser aplicados para que o processo se desenvolva de forma mais lenta.

Para isso, é preciso que a iniciativa pública e a iniciativa privada trabalhem em conjunto para que “se consiga criar uma lógica de poder”, aumentando e potenciando os produtos da região, assim como as exportações.
Assim, fixar pessoas qualificadas para trabalhar no território é o grande objetivo deste projeto desenvolvido pela CIMAT e pela Associação de Municípios do Alto Tâmega (AMAT), em parceria com várias entidades da região, nomeadamente os municípios, a Associação Empresarial do Alto Tâmega (ACISAT) e a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT).

Para Ramiro Gonçalves, o Alto Tâmega tem inúmeros pontos fortes, como é o caso da excelente qualidade dos produtos, a oferta turística, ligada à natureza e ao termalismo, vários recursos extrativos, exemplo disso é o mineral de lítio, considerado por alguns especialistas como a energia do futuro, e diversas instituições e associações públicas e privadas que podem ajudar a colocar em prática as estratégias definidas. Tudo isto agregado ao conhecimento, à inovação e ao novo quadro comunitário de apoio Portugal 2030.

“Nós temos de ter capacidade de capacitar cada vez melhor as pessoas e também as empresas. Se isso não for feito, não saberemos gerar maior valor dos ativos riquíssimos que temos no território. O primeiro exercício será dar às pessoas condições para elas poderem aprender mais e usar mais no sentido de tirarem o máximo partido daquilo que já fazem hoje, e que fazem relativamente bem”, referiu o responsável.

Grande parte dos alunos da região que estudam nas universidades não regressa aos territórios de origem no final do curso

O programa para atrair e fixar pessoas no Alto Tâmega, e que já está em curso há cerca de um ano, é constituído por sete ações, sendo que duas já foram realizadas: mapeamento do número de alunos da região a estudar fora em universidades, assim como a área de estudo e a predisposição para o empreendedorismo, e a realização de um roadshow junto das instituições de ensino superior para apresentação das condições existentes na região para o desenvolvimento de ações empreendedoras.

De acordo com o presidente da CIMAT, Fernando Queiroga, existem cerca de 1800 jovens universitários da região espalhados um pouco por todo o país e a ideia “é sensibilizar esses jovens para que depois dos seus estudos regressem aos seus territórios e façam aqui o seu negócio, a sua iniciativa empreendedora, e constituam aqui a sua vida”.

A qualificação, nomeadamente ao nível do ensino superior, é, na opinião do responsável, uma das lacunas do território e uma das suas preocupações.
“Estamos a tentar que regresse o ensino superior a este território, e fundamentalmente a Chaves, porque temos instalações, temos capacidade e oportunidade para esses jovens e queremos que essa possibilidade seja uma realidade no Alto Tâmega. Se os jovens continuarem aqui os seus estudos, naturalmente que ficarão por aqui…garantidamente”, sublinhou.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, lembrou que é preciso incutir nos mais jovens, desde tenra idade, que podem ser eles os criadores do seu próprio emprego e serem uma mais-valia para a empregabilidade e para toda a região onde se inserem.
Questionado sobre a criação de uma universidade no Alto Tâmega, o autarca flaviense disse que “esta é uma discussão que vem tarde”.

Apesar disso, Nuno Vaz afirmou que existe uma discussão interna sobre a criação de uma “oferta de ensino superior diferente de todas” que será “desenhada conjuntamente com os nossos vizinhos galegos”.
“A decisão da criação de cursos de ensino superior é uma decisão governamental e num passado recente essa decisão não foi tomada no sentido da fixação da oferta nas zonas do interior e não sabemos se essa decisão alguma vez será revertida. No entanto, no próximo quadro comunitário 2030 uma das áreas estratégicas que nós temos de pugnar é a capacitação das pessoas que só é possível com a interação com o ensino superior que é o desafio que fica e que nós queremos agarrar”, frisou.

Projeto propõe que jovens e empresários trabalhem em conjunto

As restantes iniciativas do projeto prendem-se com a criação de um concurso para o desenvolvimento de ideias de negócio; a fundação e a capacitação de uma rede regional de apoio ao empreendedorismo; a constituição de uma bolsa de mentores composta por empresários de sucesso da região que se dedicarão ao acompanhamento dos novos empreendedores; o desenvolvimento de materiais de comunicação realização de ações de divulgação; e a coordenação e monitorização da implementação do projeto com vista a atingir os resultados esperados.

Segundo o secretário executivo da CIMAT, este é um trabalho que “vai demorar algum tempo a ser feito” e no final o que se pretende é que as pessoas mudem e que “façam melhor do que faziam antes”, através de um espírito criativo, de equipa e dinâmico.

Esta atividade “é para quem tem ideias e pretende integrar pessoas que ainda realizam os seus estudos, pessoas ativas no mercado de trabalho ou pessoas que queiram mudar de vida”.
O encontro, que aconteceu no auditório do Forte de S. Francisco Hotel, reuniu diversos decisores políticos da região, dirigentes de empresas públicas e privadas e comunidade em geral.

Depois da apresentação do projeto, seguiu-se o painel de especialistas, constituído pela diretora da Partnia, Carla Montargil, pelo coordenador para o empreendedorismo e inovação do Instituto Politécnico de Bragança, José Adriano Pires, e pelo secretário-geral da ADRAT, António Machado.

Cátia Portela

 

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