Diário Atual

Organização e comunicação são as palavras de ordem da nova direção da Associação Empresarial do Alto Tâmega (ACISAT) presidida por Jorge Paulo Santos, que tomou posse no passado dia 30 de dezembro de 2014. A nova organização da Feira dos Santos 2015, o maior evento promovido pela ACISAT, agradou aos flavienses e aos próprios feirantes. 

IMG_1751Em entrevista ao jornal A Voz de Chaves, o presidente da ACISAT faz um “balanço positivo mas moderado” sobre o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido desde que tomou posse e destaca ainda as dificuldades financeiras do país que têm dificultado o papel da associação junto dos empresários.

Voz de Chaves: A edição 2015 da Feira dos Santos contou com várias novidades e com algumas modificações. Na sua opinião, o maior evento da cidade de Chaves ganhou com a nova organização?
Jorge Paulo Santos: Sim. Nós assumimos a responsabilidade de manter a génese do evento e, dando continuidade ao trabalho que tinha vindo a ser realizado, como nova direção, decidimos implementar algumas pequenas alterações, fundamentalmente ao nível organizacional. Na minha opinião, essas alterações correram bem e foram inclusive reconhecidas pelas pessoas que visitaram a feira.
Foi uma responsabilidade e, ao mesmo tempo, uma honra muito grande presidir a instituição que organiza a Feira dos Santos, que é a maior feira do norte e, especificamente por ser um evento de “rua”, é também a maior feira do país.

No seu discurso de apresentação e na abertura da Feira dos Santos deu a entender que a ACISAT, este ano, privilegiou a comunicação entre os diferentes intervenientes do certame…
Eu acredito que as reformas e as alterações se fazem com base nas negociações e nos acordos através do diálogo. Como já disse, houve necessidade de serem realizadas reformas organizativas e estruturais que implicavam com as pessoas. Há uma frase que eu uso muito: as instituições sofrem sempre com o estilo de quem as coordena, e, atualmente, a ACISAT está a sofrer com a nova direção e com o estilo de quem a coordena, mas é a minha maneira de ser e de estar.
Nós priorizamos o diálogo com as pessoas, de outra forma não teríamos conseguido remover as caravanas dos estacionamentos, ter a aceitação dos feirantes em se concentrarem todos no mesmo espaço de forma ordenada, não teríamos conseguido o “layout” do novo espaço da “feira dos divertimentos” – estava tudo geometricamente alinhado com os infantis de um lado, os radicais do outro e a alimentação estava simetricamente colocada -, entre muitas outras situações.
Também os habitantes da cidade foram tidos em conta na medida em que a realização da Feira dos Santos interfere com a vida de todos. Considero que se trata de “um favor” da parte deles em aceitar e colaborar tão bem neste evento. Por isso, numa primeira parte interessou-nos auscultar a população para perceber as várias sensibilidades para que depois pudéssemos organizar melhor o certame.

Fale-nos dos números: quantos visitantes a Feira dos Santos recebeu, quantos expositores/feirantes estiveram presentes e quanto lucrou a cidade?
Relativamente ao número de visitantes ainda não foi possível ter exata certeza, mas uma coisa tenho certeza: se até aqui eram 100 mil, este ano garantidamente vieram 100 mil e um.
Quanto ao número de feirantes, nós este ano precisámos de mais cem fichas de inscrição, aproximando-nos dos 600 expositores.
Quanto ao impacto económico da feira, tenho a certeza que a Feira dos Santos mexe e muito com a economia local e regional e mexe também com a restauração e hotelaria. Esgotámos estes dois setores na cidade.

Relativamente ainda à Feira dos Santos, o que é que prevê para a próxima edição? Será possível alargar ainda mais o espaço da feira na cidade?
Evidentemente, e por toda a responsabilidade que me pauta, neste momento não me vou comprometer. Mas na próxima edição tentaremos beneficiar o trabalho realizado na edição deste ano. A organização foi notória e isso é para manter, bem como a concentração da corrida de cavalos, da chega de bois, do concurso de gado e da feira do polvo no mesmo espaço, num local nobre da cidade (Forte de São Neutel), e que evita a dispersão das pessoas. Alargámos a feira com uma nova atividade (Automóveis Usados) privilegiando o centro histórico da cidade. Houve ainda a Feira dos Vinhos, a feira de Automóveis Novos e de Máquinas Agrícolas, a feira Stock Out, com o comércio a sair à rua, os Santos da Noite, dirigida a um público mais jovem e envolvendo as discotecas da cidade e vários momentos de animação que incluíram também as ruas da cidade.
São quase quatro quilómetros de extensão de feira que tenderá a ser sectorizada, embora os visitantes possam encontrar diferentes produtos na mesma zona. Será uma sectorização imperfeita, mas intencionalmente imperfeita porque não devemos por as famílias de produtos todas juntas porque desvirtuaria a essência da nossa feira.
Ainda este ano desenvolvemos um mapa da feira, que foi reconhecido como uma enorme vantagem, quer para os flavienses, quer para os visitantes, onde todos passaram a conhecer os locais de estacionamento, como se organiza a feira, onde se encontram os produtos que interessam mais a cada um, onde fica o hospital, a polícia e os serviços principais.
Juntamente com este mapa, foi desenvolvido um outro com toda a informação sobre os espaços ocupados por cada feirante e que áreas temos ainda disponíveis para crescer. Neste sentido, com este mapa eu já consigo ter uma perceção das zonas para onde a feira pode crescer e das pessoas que estão em fila de espera para participar com expositores. Assim, assente em alguns critérios, o esforço que será feito é no sentido de fazer com que a Feira dos Santos cresça, em número de expositores, feirantes e visitantes.
Na próxima edição vamos então ter tempo de continuar a consolidar a importância da feira de Chaves.
Já agora, e se me dá oportunidade, eu gostaria de reconhecer o esforço e o mérito de todos os envolvidos na organização: todos os colaboradores da associação, equipa de fiscais e restantes departamentos da câmara municipal. Também a Associação Portuguesa dos Empresários de Diversões que concordou com as diferentes modificações, todos os empresários e feirantes que estiveram na feira, bem como à GNR, PSP e demais serviços de segurança. Por fim, o meu reconhecimento também para os flavienses que ajudaram que a Feira dos Santos fosse um sucesso.

Acha que, no futuro, poderá existir alguma semelhança entre a Feira dos Santos de Chaves e a Feira de São Mateus em Viseu?
O tempo em que ambas se realizam é muito distinto, havendo por isso a condição climatérica que nos constrange. Os recintos também são muito distintos: a feira de Viseu tem um recinto próprio e a nossa é mais de “rua”. Geograficamente, a cidade de Viseu está melhor localizada, sendo que consegue atrair mais pessoas. Considero-a como uma concorrente saudável e para nós é também uma referência, quer em termos organizativos, quer em termos de frequência.

Está há quase um ano à frente da ACISAT. Como presidente da associação que defende os comerciantes e empresários do Alto Tâmega, que trabalho é que tem vindo a desenvolver nesse sentido? E qual o balanço?
O balanço é positivo mas moderado. Com absoluta humildade dir-lhe-ia que já deveríamos ter feito mais coisas mas coincidimos com um quadro difícil. Primeiro, ainda estamos numa conjetura nacional de crise e, não havendo disponibilidade financeira, quer em termos de capacidade do consumo das famílias, quer das empresas em termos de capacidade de investimento, não foi um ano economicamente muito rico. Portanto, a associação viu-se maniatada com essa dificuldade. No entanto, estamos solidários com os nossos associados, que são 911, distribuídos pelo Alto Tâmega, porque vontade para ajudar não falta mas as linhas de financiamento, quer da banca, quer do apoio comunitário do programa 2020, continuam congeladas e por isso, não temos conseguido mediar as relações de investimento, de crescimento, de aumento de emprego e de fixação de população.
Mas durante este tempo não estivemos parados, temos feito o que podemos junto dos nossos associados, temos sido muito pragmáticos e atentos sobre os programas já disponíveis, temos encaminhado e dinamizado atividades, tais como a Feira de Stocks, o Agrupamento de Produtores do Pastel de Chaves, a Feira de Empreendedorismo, temos estado nos vários eventos que julgamos poder ajudar os nossos associados.
Esperamos somente que o calendário do programa comunitário de apoio 2020 abra para podermos começar a mediar o acesso aos fundos e o investimento que os comerciantes e empresários queiram fazer.

Como é que tem sido a relação entre os comerciantes e empresários do Alto Tâmega e a nova direção da ACISAT? Qual a estratégia que tem desenvolvido?
Neste momento sou eu o presidente da ACISAT, e respondo por isso, mas existe um princípio de continuidade. Eu considero que existem situações a melhorar ao nível da comunicação e precisamos de algum tempo para responsavelmente nos inteirarmos de tudo. Temos dado continuidade no sentido de melhorar alguns canais de comunicação, nomeadamente ao nível do nosso site, com informação que é atualizada, com as legislações atuais, e também ao nível do facebook. Temos primado pelo diálogo com os associados, indo para a rua, e temos convidado os nossos associados para que venham cá à associação.

A formação para desempregados e a sua inserção no mercado de trabalho é uma das preocupações da ACISAT…
Tendo a associação empresarial responsabilidades no setor económico e na dinamização desse setor na região do Alto Tâmega é natural que a principal preocupação tenha a ver com o investimento das empresas e com a empregabilidade. Por isso, cabe-nos a nós ajudar também as empresas a crescer pois mais facilmente poderão empregar as pessoas em situação de desemprego. Neste sentido, temos uma responsabilidade partilhada com o IEFP, no âmbito da medida Vida Ativa que se destina a desempregados recenseados na região independentemente da idade e do grau de habilitação, onde é facultada formação específica que visa a integração das pessoas no mercado de trabalho. São cursos com 200 horas teóricas e 384 horas em estágio nas empresas.
Terminámos recentemente uma dessas formações e vamos iniciar nova ação no âmbito da medida Vida Ativa já na próxima semana.

Outra situação relevante que a ACISAT ajudou a promover foi a certificação do Pastel de Chaves como IGP, inclusive foi criado um Agrupamento de Produtores para ajudar os produtores no processo. Como é que tem sido a adesão?
Resumidamente, a responsabilidade é da Câmara de Chaves e o processo remonta há já muitos anos, 2004 se não estou enganado, e que se destinou a certificar um produto muitíssimo importante na gastronomia e que tem muito a ver com o desenvolvimento da economia local. Foi inicialmente conquistada a denominação IG, ou seja, uma certificação nacional e depois conquistada a certificação europeia. São tudo mais-valias para o produto e para a economia local porque a certificação IGP vem garantir a qualidade do produto. Assim, o Pastel de Chaves fica protegido ao nível da sua designação e ao nível do local de produção.
Para coordenar este trabalho, foi necessário criar um Agrupamento de Produtores e conferiu-se à ACISAT o papel de monitorização. Neste momento, o agrupamento reúne cinco produtores certificados do Pastel de Chaves, dentro de 13 possibilidades.
Os que já estão certificados estão a beneficiar da certificação dado que o selo garante a qualidade e tornou-se um produto facilmente vendável, quer a nível nacional como internacional.
Para os que ainda não são certificados, não quer dizer que o produto deles não seja de qualidade, hipoteca somente a possibilidade de comercialização desse produto como Pastel de Chaves nos mercados que exigem o selo IGP. O que a ACISAT tem feito é promover esta “obrigação” junto das empresas, mas é claro que respeitamos o ritmo dos nossos empresários.

Haverão outros produtos a serem certificados?
Sim, está na calha o folar. Está em fase a certificação do folar de Chaves e de Valpaços. A associação empresarial, enquanto entidade de desenvolvimento da economia da região, está atenta e disponível para a boa relação e comercialização desses produtos, quer também depois em termos de organização com os produtos certificados.

Com o Natal aí à porta, qual a estratégia promovida pela ACISAT junto dos comerciantes e na própria cidade?
Existe, de facto, uma dinamização associada à ACISAT nessa altura do ano. Tem a ver sobretudo com a animação de Natal e com a iluminação da cidade. É uma responsabilidade partilhada com a Câmara de Chaves e que naturalmente, honraremos e que, trataremos de fazer jus à época, visando sempre o apoio ao comércio tradicional e às empresas. Estamos a preparar essa quadra, juntamente com os nossos associados, e dinamizaremos tendo em conta os meios financeiros disponíveis.

Cátia Portela

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