Diário Atual

cartelgeneral[1]Elo Him, artista espanhol, designa como “Fábrica de Sueños” a mostra de trabalhos, que, a partir do dia 13 de novembro e até ao dia 13 de dezembro, estará patente ao público na Galeria Carneiro Rodrigues, em Chaves.

E se fosse possível… se existisse uma fábrica de sonhos… como existem de chocolates de marcas de roupa etc… mas toda a gente acha que não, que os sonhos não se fabricam e raramente se concretizam.

Contudo, se olharmos bem, a presença do sonho é flagrante, está em toda a parte: no frontão decorado de uma janela renascentista, no capitel de uma coluna, no design de um automóvel, ou numa peça de cerâmica. O mais simples objeto do quotidiano contém uma ínfima parcela de sonho, desde que alguém acrescentou à sua forma algo que ultrapassa a mera função prática e se enquadra no domínio estético. As incisões e pinturas que o artesão primitivo fazia na bilha que se destinava a recolher água são um ato de puro prazer…algo inútil, dirão alguns. Mas, é nesse ato gratuito que está a essência do sonho, aquilo que depois de resolvida a razão prática, funcional, procura tornar o objeto único e lhe imprime a marca de excelência. Mas nós desabituamo-nos de reparar nesses pormenores.

Parece que esta época de massificação de estandardização dos objetos, e não só, é contrária a esta ideia em que o homem afirma a sua individualidade. O sonho parece, aliás, estar enfeudado ao dinheiro, ao poder de compra, ao euro milhões, o que é muito estranho, antinatural…o sonho deveria ser subsidiário da liberdade.

 A arte situa-se neste domínio. E Elo Him denomina-a, por oposição, a esta ideia mercantilista, de “Fabrica de Sueños” que, ao contrário da produção massiva, é algo muito pessoal, talvez uma espécie de regresso à idade da inocência, onde não há barreiras entre o sonho e a realidade.

É uma ironia, um convite à utopia e à felicidade.

Carneiro Rodrigues

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